Este artigo continua o experimento de caminhar pelas qliphot. O início está no post Lilith e a chuva seca e continuou em Gamaliel e o templo de ferro. Os exercícios para limpeza do dia-a-dia pareceram ser suficientes, embora tenha demorado mais para conseguir acessar uma forma distinguível desta terceira qlipha.
Presenças
Dados os relatos que encontrei sobre as qliphot, estranhei não ter tido contato com entidades nas projeções anteriores. Esta é a primeira qlipha em que eu vejo “alguém”, um agente, uma entidade. Não sei. Fiquei na dúvida: há um agente para esta qlipha e não havia nas outras?, eu levei algo comigo?, nenhuma qlipha tem “agentes”, mas a gente costuma ver agentes mesmo assim?, o que mudou?
Sincronicidades do período: Romulo me perguntou nos comentários do blog algo interessante que talvez tenha a ver com isso. Ele me perguntou sobre como eu separo a prática mágica da religiosa judaica. Tem alguma coisa aqui que parece pertinente.
Esfera do dia: Samael — O veneno de D’us. Magia e espiritualidade tóxica.
Entrei pela caverna na floresta, atravessei o templo de ferro.
A porta era de algum tipo de mármore alaranjado por dentro. Talvez enferrujado ou tingido (sujo mesmo) de outra substância.
A porta abre com facilidade. Não parece ter uma fechadura, só serve para separar o templo de ferro do que está depois. Atravessando a porta, eu sinto a umidade no ar. Contrasta com a secura das primeiras câmaras. O ar não tem cheiro, mas não acho que seja água o que deixa tudo molhado.
Na hora não soube identificar, mas depois da projeção, tive dificuldade em me livrar daquilo. Eu diria que é viscoso, mas não queima. Foi difícil de limpar corretamente. Era como se fossem sentimentos que não entram em combustão. Precisam de uma energia muito alta ou muita repetição para que sejam consumidos.
Mas antes disso, ainda na qlipha, a umidade me inundou e eu decidi não me opor. Pensei em uma fogueira na floresta. Na história dos sapatinhos vermelhos. É como dançar e ser consumido pela dança em vez de criar alguma coisa. Ou como tentar um ritual e ser asfixiado pela fumaça antes de o fogo acender. Finalmente me dei conta de que a qlipha era escura. Não dava para ver além da umidade, ou dentro da água, ou no mínimo uma chuva torrencial.
Então, tentei contato. Bem cliché, aliás. “Alô!?”
A coisa não responde. Mas me dá a “sensação” de que está lá. Não a visão de que está lá. Não uma imagem. O reconhecimento.
Se tu pudesses perguntar a uma entidade sobre a terceira qlipha, o que seria?
Isso mesmo. E a resposta é: “Não é aqui.”
A entidade me ofereceu duas saídas. Provavelmente, nenhuma delas era a correta. Uma porta vermelha, translúcida. Eu pude ver luz através dela. Essa porta tinha uma maçaneta prateada. A outra porta era verde-escuro, com alguns desenhos triangulares que quase faziam sentido.
“Você precisa escolher” ou “você precisa sair daqui”, a entidade disse. Ou disse uma frase entre essas duas que também eram a mesma coisa. Samael, se esse era ele, não fala muito. E a resposta, apesar de verdadeira, não define nada. A pergunta é que estava errada? Eu não consigo entender a alcunha de “blasfemador”. Não vejo religião a ser deturpada, mentira contada, fixação…
Conclusão
Se tem algum insight, eu penso na energia do ritual que não é consumida durante ritual, seja por falta de definição ou por falta de força. Essa energia se esvai ou fica com a gente?
Qual o oposto de magia?
Shbaa.
2 Comentários
Se magia é vontade, o oposto é a não realização da vontade. Parece que tem a ver com esse insight: a energia não utilizada, pra onde vai? Chuto: se envolver magia mesmo, tipo, velas, oferendas e ect, fica lá. Se mentalizações, se esvai de acordo com a força da mentalização, o que pode ser mais ou menos do que as contrapartes astrais das oferendas ativadas.
Seria essa coisa que fica a umidade que custou a sair, resquícios de magias não concluídas? Sentimentos que precisavam de uma combustão muito alta, grande “quantidade” de magia não concluída? Parece a vontade alheia à sua realização, frustração, que precisam ser muito bem remoídos para serem consumidos.
Talvez a ponte da conciliação da magia e religião? É a prática magica como combustão de coisas que não são consumidas pelas religião, e/ou o inverso?
Todo ato religioso é mágico (penso) mas o inverso não é válido.
Quando a religião não é suficiente, e o sujeito não tem a magia, pode-se descarregar toda a falta na religião, daí fanatismo.
Devaneios.
Grato pelo texto, custou entender, e no fim não tenho certeza de que tive sucesso.
Eu acho que é por aí. Mas estou também tentando interpretar a experiência.
Shbaa