Continuando o post da semana passada, agora posto as legendas relacionadas àquele post.
¹ Me lembro de um exemplo fantástico.
O primeiro diz respeito a teurgia. Um grupo de colegas meus e eu utilizamos o símbolo de Elemiah (um anjo de elevada posição hierárquica) para, por meio de projeção astral, tentarmos acessar esse ser e conversar com ele.
Tivemos imenso sucesso onde, em livros clássicos, se diria que somos um bando de iludidos por sequer tentarmos – já que só gente muito elevada poderia conseguir isso.
²É tragicômico ver como pequenas seitas de “chaos” se formam ao redor de manifestações mediúnicas extremamente primitivas e toscas, geralmente mal conduzidas e pior executadas. Pior ainda, é notar como gradualmente essas seitas se tornam mais e mais agressivas perante o ambiente ao seu redor. Pouco a pouco, as seitas criadas no seio pseudo-libertinoso da comunidade brasileira de Chaos crescem de forma bizarra, desenvolvendo-se em grupos que até mesmo uma comunidade Amish acharia fanáticos demais.
³O que está errado na frase:
(!) – A própria denominação de “mago” para um praticante de magia do chaos, se feita de forma séria e não enquanto uma maneira de meramente se referir à pessoa que está executando chaos, é uma contradição ao princípio desse meta-sistema, posto que ele não pode ser dito ser de magia, bruxaria, feitiçaria ou o que seja. “Chaos”, em análise fria, minimalista e objetiva, dado o seu princípio, não é um sistema de magia, e não produz magos – é uma filosofia esotérica, uma forma de metafísica, e produz filósofos ou metafísicos.
(!!) – A elevação de um servidor (ou de qualquer ser) ao status divino requer mais do que meramente que ele seja alimentado com energia. Quando saímos do reducionismo que diz que (deus = muita gente rezando + muita energia dada + muito tempo) e entendemos que esse ser é, ele mesmo, um ser consciente e senciente, passamos a compreender que sua elevação requer ainda mais do que ser dado energia e pensamentos (ainda que seres que se acham deuses mas são meramente egrégoras com um poder grande, possam se comportar como se de fato o fossem). Requer que ele passe por um processo de iluminação, de elevação espiritual, ele mesmo. Daí que se tentar elevar um servidor a nível divino não é diferente de tentar fazer uma pessoa um Buddha ou deus meramente rezando para ele. Lembremos que faraós, imperadores e a vasta maioria dos grandes homens e mulheres de poder durante a história tiveram muita gente orando para eles, fazendo sacrifícios a eles, e alguns de fato acreditando que essas pessoas eram deuses na terra (ou enviados dos deuses). Se isso não foi o suficiente para fazer de Ramsés, Genghis Khan ou Alexandre deuses de verdade, bater punheta e siririca para um servidor achado na net provavelmente não vai ser também.
(!!!) – A presença de expectativa traz, na vasta maioria dos sistemas baseados em chaos e especialmente nos sistemas de servidores, a possibilidade da falha – donde que criar um servidor para um determinado fim (e não como um ser que possui ferramentas que possam levar a um fim) é, em si, um enunciado de fracasso. Elevar um servidor ou criar um servidor tem de ser um ato livre da ideia de que o servidor fará ou deixará de fazer algo. Ele tem de ser criado como uma entidade separada do mago – um algo que não existe porque o mago quer ou para que um determinado fim ocorra, e sim como um objeto, ferramenta ou assim em diante.
Por exemplo – suponha que você queira acessar a internet e para isso vai montar um computador. Adianta você juntar todas as peças e, na hora de colocar o processador na CPU, ficar pensando em acessar a internet? Ao invés de prestar atenção se a memória RAM está colocada direito no lugar ou se a moça da operadora de telefonia está pegando todos os seus dados certo mesmo? Ficar pensando nos joguinhos da STEAM? E depois de entrar na internet, seu computador vai desaparecer em uma cortina de fumaça?
Você vai falhar, porque criar o objeto/ferramenta (o computador com acesso à internet) necessário para chegar ao seu fim (acessar à internet) não pode ser um processo feito exclusivamente para aquele fim. Você tem que comprar as peças porque aquelas são as peças certas que você precisa. Você tem que aparafusar o parafuso certo no lugar certo, porque aquele parafuso tem que ir ali. Você tem que colocar o processador no lugar certo, porque o processador tem que estar ali. O motivo pelo qual você começou o processo de montar o seu computador pode ter sido acessar a internet. Mas a partir do momento em que você está efetivamente montando o computador, a internet tem que sair da sua alma, mente e vida.
Você tem de estar completamente livre do desejo que te motivou a iniciar a montagem do computador em primeiro lugar ou cairá na qlipha de Netzach – os Corvos da Dispersão, que farão com que sua atenção fique dividida, sua mente confusa, seus pensamentos em choque e abruptos e sua capacidade de agir fique nula, ofuscada por compulsões e repulsões inesperadas e sem lógica.
Para ser o mais perfeito, eficiente, eficaz e capaz na montagem do seu objeto, você deve estar perfeitamente alinhado e concentrado na sua ação, como o fio de uma espada ou do formão de um artesão. Cada ato seu deve ter como objetivo ele mesmo, isso é, que aquele ato seja feito de forma perfeita – e assim, você obterá se não a perfeição na sua criação (que pode ser meio difícil, pois planejar perfeitamente ou agir perfeitamente de facto pode ser complicado), ao menos algo o mais próximo o possível. Um novo desejo de acessar a internet pode surgir após você montar o seu computador. E aí o computador vai estar lá. Basta meter na tomada, dar um pouco de energia e, vo ilà, você pode navegar o quanto quiser. Mas nenhum desejo pode ser suprido por meio de uma ação em si – seja por chaos magick, seja por qualquer ato ou atividade no mundo mortal.
Daí que, criar ou elevar um servidor “para que ele vire um deus” é tolice. Apareceu esse pensamento, provavelmente exterior a você, vindo com contato com algo? (Thaumiel). Ele ressoou com seu ser, de fato despertando a sua consciência da possibilidade daquilo? (Kether) Esse despertar se mostrou como interesse (Aleph) e, ao mesmo tempo, como uma disposição interior dos elementos necessários para ação (Beth)? Possivelmente se mostrou como uma percepção da sua própria existência enquanto capaz de dar origem, de ser “pai” daquilo (Gimmel). Esse interesse logo começou a acumular energia de outras áreas para gerar um “arranque” como em um motor de carro?
A menos que você tenha interrompido esse processo ou esteja com alguma dificuldade em obter energia, esse “arranque” provavelmente deu origem a um movimento interior. Uma força, uma energia, que logo te colocou em contato com um mecanismo universal misterioso – o qual não só mantém essa energia a todos os momentos, como ainda produz mais do que gasta originalmente – um Primum Mobile, um motor eterno universal de energia infinita e aparentemente sem fonte discernível (Chockmah). Tanta energia, claro, deve ter trazido a vontade de dedicar essa energia à materialização da coisa. De direcioná-la para que isso apareça e se desenvolva. (Daleth).
Ótimo. Se livre daquilo que inicialmente te trouxe esse “despertar”, assim libertando a si mesmo de quaisquer motivos exteriores para suas ações. Quem está agindo é você, por você. Esses elementos exteriores (bons para iniciar coisas, péssimos para mantê-las) só podem te fazer mesmo perder sua sintonia e foco. O motivo porque se inicia a criação de algo não é o motivo pelo que se cria algo. Iniciamos a criação de algo, porque algo exterior nos estimula a isso. Mas só efetivamente criamos quando abandonamos o exterior e passamos a agir por nós mesmos. Porque o exterior nos fez ressoar, mas a criação é produto nosso, do nosso ressoar, e não do exterior. Daí que é nossa, e não dele, e ele deve ser abandonado tão logo tenha realizado sua função!
A isso se chama “tomar as rédeas de si mesmo”. Manter as forças exteriores em contato conosco nesses momentos (thaumiel) apenas destruirá nossa própria ressonância, posto que nossa ressonância é diferente da ressonância exterior. Daí que o abandono é necessário – é a caída de thaumiel (do estímulo original exterior) em Sita Athra, na esfera dos estímulos exteriores desnecessários (thaumiel), para que não impeça nossa ressonância (kether). Manter thaumiel (estímulo exterior) presente na nossa manifestação (thaumiel) trará conflito (thaumiel, os gêmeos de deus), pois que o estímulo que gerou em nós a ressonância (thaumiel) continuará a nos fazer ressoar, contudo, já havendo ali a ressonância original, o que destruirá o fluxo de energia superior para nós, daí a origem de todo conflito (thaumiel). Isso é mais simples do que parece – basta olhar para qualquer que seja o motivo que lhe fez criar um servidor, e deixar de se importar com ele. Abandonar o encantamento, que é a fonte de todo conflito.
Foi a ilusão de poder? De ser o fodão que criou um deus? Abandone. É necessário para se forjar nessa pessoa (quem parece chegar lá sem abandonar esse objetivo só chegou por sorte mesmo, pois é impossível escalar até um objetivo sem parar de ficar na base da montanha, admirando o quão foda é ela).
Foi a raiva do deus cristão? Abandone. Você não conseguirá criar um deus enquanto o feto divino for constantemente abortado pelo seu adultério, enfiando Jehová dentro de você e assim destruindo seu o deus de sua criação.
Enfim. Há mais o que se pode dizer a respeito disso, especialmente no campo das comparações com Kabbalah Hermética. Mas seria desnecessário, não?
(!!!!) – Servir é um ato de total entrega e uma experiência nobre.
Não há vergonha em servir, pois mesmo a mais intensa servidão, além de ser inescapável no caminho de todos, e não uma falha em obter poder, algum dia termina – é impossível fugirmos à Roda, seja querendo nos congelar como Senhores ou como Servos. Eventualmente, todos teremos poder, mesmo que não desejemos. E todos seremos impotentes, mesmo que lutemos contra isso.
Ainda assim, alguém criar conscientemente o mestre a que se servira, em nosso dia e época, dificilmente será por algum motivo nobre, como seguir a Roda ou estar em perfeita harmonia com o Caminho. Mais possivelmente é um delírio de ilusão, uma dificuldade de deixar de lado o complexo materno/paterno do “pai/mãe” divino, e, ao mesmo tempo, uma ainda maior dificuldade de se manter sob o mesmo – uma compulsão por abandonar o estado infantil de espírito se digladiando com um apego a esse estado.
Talvez fosse mais fácil caso as pessoas soubessem que esses estados são fluidos, e que não existe “crescer” nesse sentido. Isto é, que é perfeitamente possível ser criança, jovem, adulto ou velho, em todos os sentidos psíquicos que isso implica – desde que se possua o conhecimento de alguns mistérios.
(!!!!!) Quando falamos de deuses, é preciso entender que eles não possuem começo ou fim. Apenas seres ainda presos a uma única linha de espaço-tempo, a uma única “ranhura” de uma única “folha” do espaço-tempo é que possuem um início e um final. Por exemplo, nossos Eus Superiores não são deuses. Eles possuem um começo e um fim. São mortais.
Claro, são imensos, alguns com bilhões de anos de vida – e, mais espetacular de tudo, eles conseguem coexistir simultaneamente em todos os momentos de suas existências, isso é, possuem uma consciência temporal linear e (ao menos) bidimensional, e não segmentada, unidimensional como a nossa.
Mas deuses já venceram esse tipo de barreira. Logo, dizer-se “criador” de um deus, mesmo que nessa unidimensão temporal em que existimos você tenha sido quem criou o servidor e/ou o elevou à posição divina, o ser divino em si não foi criado por você. Ele não foi criado por ninguém, ou, ao menos, não “ninguém” no sentido em que nós entendemos existir enquanto “alguém” 😉
4Um paradigma é um modelo de pensamento. Por exemplo, eu digo que 2+2=4. Isso é um paradigma. Mas por quê? Porque eu estou traduzindo a realidade em números, usando um sistema decimal algébrico.
Então, 2 maçãs mais 2 maçãs são 4 maçãs.
Agora, mudemos para binário.
Em binário 2+2=4 não existe. Simplesmente não existe. Em binário, existe 0 e 1. Então, para falar que eu tenho 2 maçãs na mesa, e que depois coloquei mais duas, e que aí fiquei com quatro, eu não posso dizer 2 + 2 = 4.
Eu tenho que dizer 010+010 = 100.
(ou, transformando o “+” e o “=” em binário também : 00110010 00101011 00110010 00111101 00110100)
Isso porque zero maçãs é “000”, uma maçã é “001”, duas maçãs são “010”, três maçãs são “011” e quatro maçãs são “100”.
Mas isso não muda o fato básico de que há aquelas coisas ali, e que eu tinha um número de coisas, adicionei o mesmo número de coisas, e agora tenho outro número de coisas.
É como a diferença entre falar inglês ou português. “Car” ou “Carro”. Você quebra um paradigma toda vez que fala “e aí gata, quer entrar no meu car?”.
Isso é grandes bosta ?
Não.
Mudar ou desconstruir paradigmas só se torna algo útil quando você usa isso para buscar uma nova abordagem a um problema que todos estão tentando resolver seguindo um certo paradigma.
Isto é, se você tem um problema do tipo “só existem duas formas de lidar com eletricidade: ela está correndo ou não, isso é, ligada ou desligada”, tentar criar um computador se torna impossível (ou absurdamente difícil ao menos) dentro do paradigma de base 10. Mas para isso, mudando esse paradigma para um paradigma binário, tudo fica absurdamente mais fácil.
Claro, algumas vezes não existe nenhum outro paradigma que possa ser usado a vista – daí que a desconstrução do paradigma atual se torna o trabalho necessário para chegar em um novo paradigma. Por exemplo, como resolver o problema do aquecimento global?
Uma ideia é reduzir emissões de carbono. Isso é seguir um paradigma onde o problema é “o mundo produz CO2 demais”. Contudo, podemos nos perguntar “e porque isso é um problema?”. Daí descobriremos que é “porque o CO2 em excesso é o que gera o aquecimento global”.
Isso foi uma desconstrução de paradigma. Deixamos de tentar resolver o problema “o mundo produz CO2 demais” e passamos a tentar resolver o problema “tem CO2 demais no mundo”. Aí podemos dizer: “Ah, então ao invés de reduzir a produção de CO2, que tal fazer um filtro para filtrar o CO2 da atmosfera?”.
Aí criamos um novo paradigma: estamos buscando respostas para diminuir o aquecimento global por meio da retirada de CO2 da atmosfera, não pela redução da produção de CO2. Assim, quando você fala, por exemplo, que “o mundo foi feito em 6 dias, e deus descansou no sétimo”, isso não é seu paradigma. Isso é seu pressuposto.
Paradigmas só surgem quando há uma dúvida. Quando alguém está usando algo para pensar na solução para outro algo.
“Quantos dias por semana devemos descansar?”.
“Só um dia, pois deus descansou 1 dia a cada 7.”
Isso não é paradigma. É argumento (de bosta, mas argumento). A pessoa não está fazendo uma pergunta. Não está usando um modelo de pensamento para tentar achar uma resposta para algo. Dizer “e porque devemos descansar quando deus descansa” não é desconstruir paradigma, mas sim ir contra um argumento. Questionar um argumento. Já perguntar “porque devemos descansar durante a semana?” – isso é desconstruir um argumento. É fazer uma pergunta, na busca de descobrir qual o pressuposto que está oculto naquela pergunta, e, aí sim, mudar a visão.
5Como vimos, só há desconstrução de paradigmas perante problemas a serem resolvidos. Mais do que isso, desconstruir um paradigma é uma forma de achar soluções alternativas a um problema – não de intrinsecamente se obter evolução espiritual. A evolução espiritual por meio de Chaos se dá por duas frentes.
A primeira, indireta, é o desenvolvimento advindo após um contato fortuito com o mesmo. Tão logo alguma pessoa tenha contato com as ideias de Chaos no que diz respeito à não existência de uma verdade objetiva para o universo, assim como à “permissão” para agir fora dos limites de “verdade” ou “mentira”, isso é, assim que se veja livre para “testar” e “pesquisar” (um efeito que basicamente vai contra a forma de educação castradora que carregamos desde o século XVIII), se essa pessoa realizar operações com base nisso que lhe permitam expandir espiritualmente além do que conseguia com seu sistema de origem, isso permite à pessoa uma evolução. É muito comum.
A segunda, direta, é o desenvolvimento advindo após o uso das âncoras meta-mentais de chaos para explorar a mente humana a partir da manipulação da própria mente. Os métodos para se realizar tal (o mais comum sendo a crença livre) são, obviamente, não originários de Chaos (as várias vertentes do Satanismo e aprendizados relacionados ao papel de Opositor já realizam esse tipo de atividade a muito tempo – a que primeiro me vêm à mente agora é a da ONA), mas ainda assim possuem profunda afinidade com a filosofia em si – posto que experimentar com a própria mente e analisar a própria mente está na base do que o sistema se propõe.
Desconstruir paradigmas e se opor ao argumento alheio, por sua vez, praticamente não muda nada (exceto em níveis espirituais dignos de umas três gotonas de LSD puro para se alcançar). Além de ser algo feito de maneira compulsiva e automatizada na maior parte das comunidades de caos, de modo com que os processos de argumentação não são reflexivos, mas puramente atos reflexos (assim sendo facilmente jogados pelo inconsciente em negações e repressões – que apenas causam quadros progressivos de ansiedade e variação do humor), também é algo que esbarra no mais simples dos argumentos de todos: é tudo simples percepção mental subjetiva e pode não valer nada.
Estar em um estado de completa resistência às ideias, sejam próprias ou do mundo, não traz evolução espiritual – apenas estagnação típica dos processos de acídia (que é uma estagnação falsa, visto que os mecanismos de interpretação e percepção do mundo estão perpetuamente ativos, mesmo quando, em um estado consciente, nos negamos a permitir que eles ocorram).
Calar a mente e parar de dar importância a ideias e pensamentos, além de algo que na vida real praticamente impediria uma pessoa de estar discutindo no facebook, é uma arte e não se obtém questionando tudo e repetindo à exaustão que aquilo “só é verdade para a pessoa, e não para todo mundo”.
6 Um paradigma é um modelo de pensamento usado para responder a um problema. Qual a relação disso com Chaos?
Toda!
Chaos é uma ferramenta ótima para trabalhar com paradigmas: construir, desconstruir ou firmar/estabelecer, todos atos que a parte filosófica de chaos permite. Um paradigma deveria ser que nem um pirulito para alguém usando chaos. Um brinquedinho delicioso para você explorar, morder, testar, desmontar em pedacinhos e tentar montar de novo. Afinal de contas, toda forma de criação depende de haverem elementos suficientes para se criar.
Testar e brincar (e isso inclui muito mais que só desconstruir) os paradigmas do mundo é uma ótima forma de expandir o próprio vocabulário de percepções, ideias e modelos de pensamentos próprios – os quais depois trazem os elementos para que você faça o seu próprio sistema o mais colorido e divertido o possível. A grande raiva, e birra, da maioria dos ditos “magistas do caos” parece vir de quando sentem que o paradigma/crença/argumento alheio ameaça o deles. Que o paradigma/crença/argumento deles e o alheio não podem conviver no mesmo universo.
Eu já passei muito por isso, e, oh, como virei um papagaio de frases típicas desse meio. Era uma análise do comportamento e pensamento alheio atrás da outra, para tentar jogar a discussão inteira no reino do “não é assim”. Isso é inútil, e simples falta de firmeza, crença e visão. Mesmo o paradigma, argumento ou sistema alheio que pareça mais ameaçador aos nossos próprios são meramente ameaçadores a nossos paradigmas, argumentos, sistemas e valores. Quem está preso a essas estruturas mentais obviamente não possui a firmeza necessária para trabalhar com chaos (pois é necessário que sua base, suas raízes, estejam em um reino espiritual, e não mental, para que o mental possa ser trabalhado).
Também não possui as crenças necessárias (pois para trabalhar com um meta-sistema, é necessário possuir crenças que vão além da mente, adentrando o campo da fé que gera efeitos interiores sem a necessidade de tais ou quais pensamentos associados a ela). E, claro, não possui ainda a visão para tal (pois para manter um trabalho deste tipo, perceber que há inúmeras maneiras pelo que parece aparentemente inconciliável pode se conciliar é necessário).Sem firmeza, sem crença e sem visão, qualquer trabalho com filosofia (nem precisa ser chaos magick), mesmo que possua algum potencial espiritual, irá abalar a pessoa e impedir que ela continue a realizar alguma espécie de evolução espiritual.
A filosofia de Chaos não é justificativa para endeusar, ou sequer achar qualquer coisa menos que tóxico, esse comportamento. O paradigma ou crença alheia, por mais potencial que tenha para ir contra tudo que acreditamos, pode ser uma ótima fonte de aprendizado e rico garimpo. Pode ser tóxico também, é claro.
Há certas atitudes no discurso que invariavelmente levam a consequências para o quão útil ele pode ser enquanto fonte de qualquer coisa (como, por exemplo, a presença de PNL para tal ou qual efeito, retórica e etc.). Mas não é seu conteúdo, e sim sua apresentação, que deve ser desconstruída (ou de fato destruída) nesse caso.