O mito cristão e a dor do mundo

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Enquanto escrevia o segundo texto sobre o porquê da magia funcionar, acabei usando um exemplo para explicar sobre os ritos e surgiu uma lacuna que acredito ser preenchida neste texto.

O rito é o que justifica o mito. O mito é uma crença, baseando-se nela, o rito é um conjunto de atividades, organizadas de uma determinada forma, a fim de obter um determinado resultado.

O mito do Cristianismo é o de que Jesus, no final de sua vida, sacrificou-a para expiar os pecados da humanidade. O rito do cristianismo, pelo menos das correntes cristãs mais famosas hoje em dia, é a prática da caridade. Vamos dar um olhar mais crítico e prático nessa questão.

O símbolo maior da igreja católica, é jesus crucificado. A prática da caridade, é doar-se. Num sentido mais amplo, sacrificar-se pelo outro. Sacrifício no sentido de sacro ofício, trabalho sagrado. Em qualquer ordem iniciática ou religião, seus adeptos reproduzem em si, os símbolos dela, é o que forma a egrégora e une as pessoas que estão ligadas a isso, cientes ou não.

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Foi um ato simbólico. Mas a transexual atraiu para si a desgraça que Jesus teve. Vocês acham que foi apenas coincidência? Ela foi perseguida, difamada e agredida. Nada é por acaso, o universo funciona de forma autônoma.

Jesus sabia que seria morto, ele sabia que não ganharia nada, foi lá e fez. As esmagadora maioria das pessoas, fazem a caridade buscando algo, seja uma reforma interior (pouquíssimos), querendo uma evolução espiritual, ou como a grande maioria das pessoas, buscando recompensas por Deus, como uma vida próspera e feliz em vida terrena (aliás, tem alguma parte na bíblia que diz isso? Se tiver, por favor, ponham um link ou o texto nos comentários).

Eu questiono, jesus teve algo disso? Jesus não precisava de uma reforma interior, ele era o filho de Deus, o avatar, o mambo jambo no céu, ele não buscava uma evolução espiritual, muito menos qualquer prosperidade material. 13116703_1614047378918698_1918950386_nEntão, por que diabos você estaria replicando os passos dele, sendo que você busca algo que ele não obteve nesse caminho? Ele apenas se sacrificou pela humanidade, sem nada em troca. Mesmo dizendo que ele ressuscitou e foi aos ceús, foi ao inferno (sofrendo desse jeito é obvio que ia ser um inferno), e tirou do Diabo as chaves da vida e da morte. Ok, primeiro, porque diabos (risos) isso tava lá embaixo? Segundo, pra que essas chaves servem? Principalmente na sua vida. Faça essa reflexão.

 

Vamos adiante.

Todo esse modus operandi “sacrifício pela expiação das dores do mundo” é replicado na nossa sociedade, obviamente por ela ainda ser na sua maioria cristã.

Comecemos pela nossa língua. A etimologia da palavra trabalho deriva do latim, da palavra tripaliare, que por sua vez vem da palavra tripalium que era, TCHARAM, um instrumento de tortura. Brasileiro gosta de festa e acha trabalho uma tortura, né? Isso tá encrustado até na nossa língua.

Já na língua inglesa, a palavra work deriva da palavra wyrcan, que está relacionada com esforço, construção. Se isso te parece estranho, pare e pense na perspectiva do trabalho no nosso país e em países de língua derivada da inglesa. Nesses países, incluso nas religiões, o acúmulo de bens materiais através do esforço é considerado algo divino. Mas essa é a egrégora de lá, não a brasileira.

Aqui no Brasil, a prosperidade material é demonizada, não só na própria língua como nas grandes religiões e no próprio meio ocultista. Na religião, dizem que você está preso a matéria, que os bens materiais não preenchem a alma e não te ajudam a evoluir. Então, as pessoas se culpam, mesmo que de forma inconsciente a ter prosperidade material. No meio ocultista, pessoas vivem reproduzindo que fazer magia para obter bens materiais é errado, só trará desgraça. Mas quando olham alguém obtendo prosperidade, a primeira pergunta que se fazem é “porque eu não tenho nada disso? Será que eu ainda não mereço?”, e continuam, incessantemente no sacrifício pelo outro, enquanto a tão sonhada terra prometida nunca chega. Ela nunca chegará.

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Não pense em crise, trabalhe!

 

Apenas, reflita. Olhe pra toda a sua vida, você está tendo o retorno do que almeja? O cristianismo não diz em lugar nenhum que você terá algo do mundo material, jesus não teve, por que você teria? Se você faz a caridade apenas com o intuito de ajudar o outro, sem querer NADA, absolutamente NADA em troca, eu o admiro.

Mas eu sei que dificilmente esse seja o caso, em algum lugar ai dentro de você, tem algo querendo uma vida próspera, querendo os prazeres que o mundo pode nos dar. Eu não falo de luxúria, excessos e putaria. Estou falando de uma vida serena e feliz, sem a dor de ter que contar cada vintém para sobreviver.

Este é o problema do cristianismo! Na verdade, ele não é do cristianismo, se você parar para refletir, apenas com esses exemplos que eu citei no começo do texto, verá que o problema é seu de ter escolhido um caminho que não traz o que você almeja. Uma culpa que te corrói por dentro, achando que ter as coisas boas é algo pecaminoso. Os valores dessa egrégora estão firmados, enquanto você seguir ela e tiver valores diferentes ela vai fazer de tudo pra te por culpa e você ceder para aceitar os valores dela. As egrégoras funcionam assim. Da mesma forma que uma empresa tem seus valores, os funcionários vão tê-los injetados na sua mente e no seu modus operandi, à medida que foram imergindo nessa egrégora. Todo treinamento de grupo empresarial tem esse objetivo.

 

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Qual o símbolo maior aqui nesse altar? O sacrifício.

Não existe pecado maior do que seguir algo em que você não acredita. Reveja sua vida, pense e repense se vale a pena você insistir em algo por pura culpa. A culpa é o que escraviza o homem. Esse foi o caminho de jesus, ele não precisa ser o seu, você nem sabe se jesus existiu de verdade e se tudo isso que está escrito é literal ou simbólico. O fato é que o mito é este que eu expliquei, sacrifício pela humanidade em troca de nadapapa-bento-xvi_1-554x318_q85_crop

Lembre-se também, que a Igreja que queimava gente viva é a que trouxe esse mito e o reproduz até hoje. O símbolo maior do catolicismo é o cristo sacrificado, é o sacrifício. Se isso não for suficiente, lembre-se que eles queimavam pessoas vivas na idade média, tem inúmeros escândalos envolvendo pedofilia que foram acobertados, vivem vidas luxuosas, pregam que a mulher é submissa ao homem, que um método anticoncepcional é pecado, que o aborto, mesmo em caso de estupro não deve ser realizado e EXCOMUNGAM uma mulher que o faça, além de demonizarem os homossexuais. Se você não compartilha desses valores, porque está seguindo essa crença?

As verdades estão aí, se você acha que é cristão e não compartilha dessas crenças, você no mínimo está na religião errada, existem inúmeras religiões que são muito mais humanistas, estude todas, escolha algo que se encaixa com o que você acredita. Se você não quer seguir nada, crie a sua própria crença e siga estes valores. Mas não adianta você seguir uma egrégora em que os valores estão muito bem firmados, querendo inserir suas crenças pessoais nela, porque a egrégora vai fazer sua vida seguir os valores dela, não o contrário.

Questão bônus, vou deixar vocês tirarem as próprias conclusões, nas 3 figuras a seguir.

FRFFQ-1
Câmara de Deputados.

 

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Senado

 

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Superior Tribunal Federal

 

 

…E João não conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília com o diabo ter
Ele queria era falar com o presidente
Pra ajudar toda essa gente que só faz
Sofrer

Faroeste Caboclo – Legião Urbana

 

Liberte-se!

Não se culpe, não demonize a vida material e tenha uma vida feliz e próspera em todos os sentidos.

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O Cristianismo está morto.

Que todas as ruínas da mentira sejam queimadas no Fogo Sagrado da Verdade.

PAZ
K.

kass

 

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5 Comentários

  1. Ótimo texto. Difícil para quem teve uma base cristã especificadamente na ICAR, mas nada que uma dose de auto-conhecimento não resolva, o problema é que vários anos após o desligamento sinto resquícios de culpa, a medida que vou trabalhando outras egrégoras vai se sobrepondo a esta que por sinal e extremamente vampírica.

    1. Exatamente, Douglas.
      O que ajuda muito, além de meditação e trabalho interno é você rever onde você criou laços com a egrégora e começar a rompê-los.
      Quanto mais você se afasta disso, menos culpa te escraviza. Mas devemos lembrar que a maior mudança ocorre em nós mesmos.

      Abraços

  2. É um excelente texto que mostra a reflexão que fiz sobre o Cristianismo e seu símbolo máximo que é Jesus Cristo e decidi não ter J.C. como meu modelo. Aliás nenhum dito avatar serve de modelo para minha vida.
    Sinceramente não gostei do cristianismo e suas vertentes, nem do budismo, hinduísmo, islamismo, judaísmo. Não gosto de nenhuma religião e não pratico nenhuma forma de misticismo e ocultismo( já fui rosacruz).
    Como o texto diz, sigo nada apenas sigo minhas próprias crenças , não creio em deus nenhum.

  3. Apesar de sua loucura, a essência do cristianismo tem algo de racional (e a racionalidade é uma loucura por si só, pois desconstruir esta realidade requer coragem, que tem muito a ver com loucura). Vivemos em um mundo escasso e limitado, se eu tenho uma Ferrari milhares não poderão tê-la. Num âmbito mais cotidiano e banal, se eu estou com tesão e minha mulher com dor de cabeça, é óbvio que um dos dois terá que se sacrificar. Ou seja, todo mundo vive se sacrificando (e sendo sacrificado). É engraçado quando as pessoas dizem que se libertaram, pois não percebem que automaticamente se submeteram a outro tipo de escravidão…

    Não gosto de orar para que Deus/Jesus arrume emprego para algum amigo, por exemplo, afinal eu sempre suponho que alguma outra pessoa esteja precisando mais do emprego do que meu amigo e assim não gosto de usar magia para coisas materiais, como outros “bons” cristãos usam e acham que assim garantiram um lugar no céu.

    Enfim, eu sou cristão mas não acredito em Jesus como salvador. Sou cristão porque acredito no sacrifício, porque a renúncia é a regra nesta realidade limitada, onde realizar um desejo significa frustrar outro(s). Sou cristão porque acredito no perdão. Por isso perdoei inclusive ao Deus cristão por ter sido tão sádico a ponto de supostamente precisar matar milhões para deixar uma lição de autocontrole e perdão a suas miseráveis criaturas (e quantas aprenderam?). E perdoo a mim mesmo por blasfemar o Deus cristão.

    Essa é a loucura/beleza do cristianismo, gente.

    Um filme com alguma relação: Man of Tai Chi.

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