Se existisse uma Escola de Frankfurt para estudos de mistiscismo judaico, essa escola teria sido liderada por Gershom Scholem. Scholem foi amigo de Walter Benjamin. Era historiador, teólogo e filólogo.
O princípio para os estudos dirigidos por Scholem era o de submeter a mística judaica à disciplina da Filologia e da História. Assim, o autor nos apresenta uma cabala viva, mutável e histórica, longe da imposição dogmática. A cabala judaica atual é apresentada como fruto de uma luta entre o monoteísmo e os mitos, luta a qual o monoteísmo nunca conseguiu vencer de forma plena.
Na tentativa de evitar os conflitos doutrinários, o judaísmo escolheu apagar ou esconder o mistiscismo, na tentativa de evitar que o poder fosse imposto de cima para baixo. E, como ato final de conciliação, o judaísmo teria reduzido D’us a um conceito filosófico, impedindo que pudesse ser ator e permitindo que pudesse ser discutido abertamente.
É importante notar que, para Gershom Scholem, em sua interpretação cabalística, o mal não existe. O que chamamos de mal é a ausência do bem, a fronteira do humano. Nossa noção de bem e mal, segundo Scholem, vem mais do neoplatonismo do que de possíveis ligações com o dualismo do zoroastrismo.
É uma visão otimista, mas fundamentalmente judaica.