Como começar a estudar o Talmud

Um jovem estudioso cheio de titulações bate à porta de um velho leitor do Talmud.

– Rabino, gostaria de estudar o Talmud.

– Tu sabes ler aramaico?

– Não.

– Hebraico?

– Não.

– Tu já estudaste algo sobre a Torah?

– Não, rabino. Mas eu me graduei em Harvard summa cum laude em filosofia e já recebi o título de PhD em Yale. Eu gostaria de tentar completar minha educação com um pouco de Talmud.

– Eu duvido que tu estejas pronto para o Talmud. É o maior e mais completo dos livros. Se assim desejares, no entanto, posso examinar seus conhecimentos de lógica e, se passares, eu mesmo te ensino sobre o Talmud.

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A magia mais poderosa

Um mago judeu — digo — um rabino, profundo estudioso da cabala, entrou pela porta da sala de aula.

Viera visitar a escola algumas vezes antes e hoje estava interessado em saber como as crianças estavam se comportando em seu aprendizado das letras. A turma era de alunos pequenos. Nas escolas modernos, os alunos estavam divididos por idade. Muito diferente das escolas onde o rabino estudara. A turma era só de crianças pequenas que cochichavam assustadas tentando descobrir o que o rabino era.

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Deuses modernos: Qfwfq e o conhecimento através experiência humana

Deuses imaginados. Talvez todos os deuses tenham sido imaginados um dia antes de existirem. Com o seriado Deuses Americanos trazendo o livro de Neil Gaiman de volta ao mainstream — ou pelo menos ao nerdstream — nós voltamos também nossa curiosidade aos deuses modernos. Quem são? O que fazem? Como se relacionam? Trago um destes deuses contemporâneos. Fraco em culto, talvez, mas culto em sua natureza. Ele representa um acesso intermediário ao conhecimento científico através da experiência humana comum.

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Kohelet / Eclesiastes

Maravilhoso. No nome em hebraico, aquele-que-reúne, mas traduzido para aquele-que-professa. Dizem que são palavras do próprio Shlomo haMelech, o rei Salomão, se dirigindo a uma assembleia. Linguisticamente, o texto se coloca entre 450aEC e 330aEC. A poética empresta palavras do persa e do aramaico. O conceito central, hevel é vapor, sopro. Traduzido como “vaidade”, deve ser entendido como “a qualidade de ser vão”. Todo o trabalho do ser humano sobre a Terra é vão, é vapor, é efêmero como o sopro.

Kohelet é um longo exercício de meditação em busca do sentido da vida através dos entremeios da poética e da retórica cabalística. A vida do ser humano é uma longa repetição de ciclos sem sentido. Ao mesmo tempo, Kohelet destrói a própria imagem do Humano na criação, insistindo que o girar da terra, o nascer do Sol, o fluxo dos rios, o caminhos dos ventos, tudo reduz o Humano a sopro, vapor, vaidade. Não só. Mas a vaidade das vaidades, construção idiomática para superlativo: a coisa mais vã que pode existir.

P.S.: Ignorem os versculos Kohelet/Eclesiastes 12:9–14. Esse não é um texto religioso.

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