Eu queria explicar isso de um jeito fácil, talvez esbarre em direitos autorais. Mas o que não esbarra hoje em dia?
Vamos imaginar que Pernalonga seja uma religião. Na verdade, Pernalonga é o herói de uma religião, o rei, o mártir, o Deus de uma religião com seu nome. A religião Pernalonga.
Da palavra latina para “selo”. Não tem a ver com fechar, mas com assinatura. Ou seja, um sinal específico que referencia alguém ou alguma coisa. Podem ser sigilos pictóricos, mantras ou palavras.
Um sigilo pictórico é uma imagem, desenho, rabisco ou traço usado de veículo para a vontade.
Um sigilo em forma de mantra é basicamente um som escolhido para carregar a vontade.
Como a palavra é um conceito mais complexo, é importante pensar que, enquanto sigilo, ela pode ser tanto o traçado das letras quanto o som das palavras. Tanto um sigilo pictórico quanto do tipo mantra. Pode ser vista, olhada, pensada ou entoada. A diferença, de forma simples, é que o processo de sigilização de uma palavra começa a partir de um vocabulário compartilhado com outras pessoas.
Então, precisamos ter em mente que a palavra já terá significados associados a nossa revelia. Quero dizer, outra pessoa já escolheu o que aquela palavra significa, e isso vai afetar o sigilo.
Beber até não saber a diferença entre bendito seja Mordechai e amaldiçoado seja Haman.
Dia 17 de março de 2022 foi Purim (como vocês já devem saber, o “dia” de Purim foi do anoitecer do dia 16 até o fim da tarde do dia 17). Alguns pensamentos sobre esse dia que passou.
Ainda acho curioso essa necessidade de unir um herói e um vilão. Por que esquecer a diferença entre essas duas personagens se a função de Purim é exatamente lembrar dessa história?
Penso em hishtavut. Seria a bebida um caminho para a equanimidade? Ou apenas uma metáfora para o estado contemplativo de equanimidade esperado por aquele que ouve a história de Purim. Equanimidade é não pensar mal de quem lhe fez mal, mas também é não pensar bem de quem lhe fez bem. Mordechai e Haman seriam iguais para alguém equânime?
Rosh Hashana é a “Cabeça do Ano”, onde tudo que vai acontecer no ano é decidido.
Essa crença se repete em diversos níveis no judaísmo. Há quem acredite que o clima dos 12 primeiros dias ditam o clima para os 12 meses do ano. Se o primeiro dia é seco, o primeiro mês será sem chuvas. Se no segundo dia temos uma tempestade, o segundo mês será de temporais e inundações. E assim por diante.
Tarot com as letras em Hebraico disposto para indicar onde são formados os sons das letras no sistema fonador humano. Em vermelho e laranja, os contorno do sistema fonador com a boca virada para a esquerda.
Faz um tempo que estou devendo esse esquema para a pronúncia das letras hebraicas. Sugiro que façam o exercício com um baralho próprio ou desenhando as letras enquanto experimentam pronunciá-las. O objetivo é articular os sons em seus devidos lugares, compreender as distinções e, se possível, anotar as diferenças sensíveis entre eles. Algumas letras serão muito parecidas, outras completamente diferentes. Algumas diferem pelo momento em que a voz é projetada, outras não têm voz alguma.
Alguns dizem que as máscaras servem para lembrar que houve uma época em que judeus precisaram se disfarçar para sobreviver — isso ocorreu várias vezes na história, na verdade. Outros dizem que servem especificamente para simbolizar o oculto, que nada é apenas sua aparência.
É sempre difícil enxergar todo o caminho quando estamos bem no meio dele.
Em uma das muitas versões sobre a sabedoria de Salomão, conta-se que um viajante muito muito rico pediu conselho ao Rei Salomão sobre como fazer um anel para si. Qual inscrição seria perfeita para fazer em um anel perfeito. Uma frase tão verdadeira que traria sabedoria em todos os momentos da vida, não importando o quão bons ou ruins fossem, e não importando onde ele estivesse, em sua própria terra ou em países distantes.
O Rei Salomão sugeriu a frase “Gam zeh ya’avor“, isso também vai passar.
Há 1900 anos, os alunos de Rabi Akiva morriam de uma epidemia de askalá, o que hoje se acredita ser difteria. A descrição talmúdica nos conta que se morria “enforcado”. A garganta era o alvo real e simbólico da morte. Simbolicamente, morreram os alunos que não aprenderam a demonstrar respeito por seus colegas. Foram 24.000 estudantes mortos em 33 dias. Foram mais de 700 mortes por dia. Ou muito mais, se considerarmos que não foram apenas os alunos de Rabi Akiva os atingidos.
Rabi Akiva ficou conhecido por ensinar que “ama o próximo como a ti mesmo, essa é a grande regra da Torah”. Como então seus alunos não se respeitavam?