Ou: A ilusão do poder por sobre a própria vida
Em tempos de pós-pandemia, passo aos meus caros leitores e leitoras um aprendizado que recebi.
Sobre a verdade da Vida e da Morte, e da ilusão do Poder por sobre a Própria Vida.
Sucídio e a Ilusão da Fragilidade
Sempre parece mero eufemismo social: A ideia de que, quem morre, morre no tempo programado pelos deuses.
Que toda morte é correta, e que não há erro em morrer.
E, de fato, o é em algum nível.
Mas não da maneira que parece.
É importante a manutenção de um poder social por medo da morte, que todos se sintam incapazes de impedi-la.
Que perante a ameaça de se matar, se acredite que é possível, fácil e simples matar alguém.
Essa é a Ilusão da Fragilidade da Vida – que diz que basta o desejo e ousadia de alguém mais forte, e a morte chega.
Nesse quesito, o que dizer então de matar a si mesmo?
Caso quem faz o ato seja a própria pessoa, deveria ser fácil, não?
Basta querer e ousar. E a morte acontece.
Não é bem assim.
As Leis da Vida e da Morte
O Plano Físico não é constituído unicamente pelo mundo humano em que vivemos. Há também os planos elementais, que são mais físicos que a fisicalidade.
Nesse ponto, havemos que compreender a diferença entre morrer e deixar o plano físico.
Morte é uma ilusão. É a ideia de que, encerrado o funcionamento do corpo físico, aquele que morreu imediatamente se encontrará fora da vida física.
Não é assim que acontece.
Se entra e se sai do Plano Físico, a partir de um desejo interior intenso de experienciar algo.
Cada pessoa tem o seu. Normalmente inconsciente, escondido muitas vezes ainda por medos, racionalizações e crenças diversas. Mas esse Desejo Original é o motivo verdadeiro pelo qual qualquer ser vem a carne.
Não se entra nesse mundo sem um Desejo Original por alguma experiência.
Não se sai dele sem que esse Desejo Original tenha sido plenamente Satisfeito.
Essa é a primeira e Maior Lei da Vida e da Morte. Todas as demais, dela derivam.
Quando alguém vivencia o seu Desejo Original plenamente, contudo, nem sempre deixa o Plano Físico de imediato.
Não é obrigatório sair uma vez que já se tenha o que se veio buscar.
Muitos permanecem. Seja por desejos outros diversos, seja por apegos. Alguns dos quais são acolhidos pela divindade que cria o Plano Físico, e mantém posto semelhante ao de um Desejo Original – ainda que muitas vezes não o sejam.
A segunda Lei Menor da Vida e da Morte
A segunda Lei da Vida e da Morte, derivada da primeira, vem do fato de que tudo no nosso mundo, desde que abaixo do mundo da Dualidade, está sujeito a Destino.
Aos Caminhos, aos Fios da Trama do Mundo.
Como nenhum ser adentra esse mundo sem que tenha um Desejo Original; E como nenhum ser abandona esse mundo sem que seja Satisfeito esse Desejo;
Caso não hajam Caminhos para a Satisfação Plena do Desejo Original, há a saída do ser do Plano Físico.
Nesse ponto, adentram as ilusões e estruturas sociais de dominação pela ameaça de expulsão da matéria. Pois ameaçam (as vezes sem a capacidade de fazê-lo, as vezes com ela), nos impedir chegar onde encarnamos para chegar.
Mas essas estruturas em si são enganadoras. Pois iniciam sua ação ligando a morte do corpo físico a saída da matéria. O que nem sempre ocorre.
Há a possibilidade de ficarmos nos reinos elementais – nos manifestamos como o que o hermetismo chamou de “cascões astrais”.
Sim, há aqueles que são vazios dos desejos e quereres de quem antes os habitava.
Sim, há aqueles que são tomados por elementais.
Mas há aqueles ainda que são como uma prisão aos que morreram, mas não satisfizeram seu Desejo Original.
Esse estado é considerado um estado de sofrimento, ou disruptivo, por muitos. E há várias classes de espíritos e outros seres que se ocupam de tratar desse tipo de situação. Seja porquê é necessário a Ilusão que o façam, seja porquê conhecem de fato os Mistérios da Vida e da Morte, e se dispõe a vivenciar o trabalho espiritual ali a ser feito.
Em outra ação, um pouco mais complexa, é que temos apegos e desejos que não são meramente o nosso Desejo Original.
Muito simples seria, caso a permanência de um ser no Plano Físico fosse limitada a um único Desejo Original.
Contudo, os seres possuem vários Desejos, alguns dos quais podem encontrar alívio na matéria; outros dos quais são enganados a achar que na matéria encontrarão o que buscam; outros dos quais são explorados para gerar apego.
Acima de tudo, há a possibilidade de, por meio do apego, se levar alguém a abandonar toda possibilidade de realização do seu Desejo Original, exceto perante o que definir aquele que possua em suas mãos os Caminhos relacionados a essa satisfação.
Seja porquê se convence o ser de que a morte de seu corpo humano o levará a incompletude da sua encarnação, seja porquê de fato isso ocorra (caso seja necessário um corpo humano para ela), seja porquê se criou uma grande rede de contratos e limitações a Satisfação do Desejo Original de alguém, de fato trazendo a possibilidade de se expulsá-la do Plano Físico caso haja essa vontade da parte do “contratante”, há muitas maneiras pelas quais a Segunda Lei Menor pode ser, e é, utilizada como ponte para o estabelecimento do domínio por sobre a Vida e a Morte dos demais.
A Terceira Lei Maior da Vida e da Morte
Para além da Primeira e da Segunda Lei, há ainda a Terceira. Se refere ao fato de que nosso plano físico surge dentro do Abismo, e, portanto, deve se submeter as Leis do Abismo.
Essa é a Lei da Ousadia. Aquele que Ousa, deve sempre alcançar algum resultado a partir de sua Ousadia.
Isso significa que nenhuma tentativa de se matar alguém (ou a si mesmo) é verdadeiramente sem consequências.
Há um amplo campo de manipulação dessas consequências, e entidades especialistas nisso. Em alterarem os Efeitos vindos de cada Ação.
Mas perante a necessidade de que toda Ousadia leve a um Efeito, é relativamente certo que, tentando vezes suficiente, se conseguirá de fato levar um ser a expulsão do Plano Físico.
Não pela simples morte física, mas pela finalização de todo e qualquer Caminho que permita a Satisfação de seu Desejo Original.
Ainda que não seja algo que funcione ao suicida (posto que há muitas forças que impedem as tentativas, por vezes até mesmo com incapacitações severas), é algo que funciona a quem deseja ou ameaça matar.
As Três Leis e o Suicídio
Perante essas Leis, surge de fato a Ilusão de que é fácil, simples e certo que seja possível matar alguém, ou a si mesmo. Há mais do que suficiente seres especialistas em fazer acontecer, com amplo arsenal de capacidades e conhecimentos.
Contudo, a prática é diferente, especialmente quando falamos de suicídio.
Pois as mesmas forças e seres que possuem grande maestria em estabelecer o poder de matar aos outros por poder e dominação, normalmente se voltam contra o suicídio ou qualquer outra maneira de se conhecer, explorar ou tomar ciência desse Mistério e dessas Leis.
Sendo a fonte de seu poder e estabelecimento no mundo, efetivamente agem contra qualquer um que deseje ter esse poder para si.
“Podemos te matar quando quisermos, mas você nunca vai poder matar a si mesmo”.
Daí que, ao suicida infrequente (que não já tentou e falhou várias vezes), estabelece-se muitas vezes um engano ou ilusão em seu interior.
O de que possui poder para encerrar a própria vida quando quiser, bastando matar seu corpo. Bastando querer e ousar.
A Verdade é que só possui essa capacidade aquele que já Satisfez seu Desejo Original, e vive apenas por conta de apegos, ou aquele que destruiu e impediu todo e qualquer Caminho disponível a Satisfação do seu Desejo Original.
Sentido
Mas, porquê trazer esse tema?
Alguns podem acreditar que estou dando maneiras aos demais de se suicidarem, de irem adiante.
Isso é medo sem fundamento.
Com essas bases que trago, será necessário a um suicida inconsciente que primeiro descubra qual é o seu Desejo Original, depois tenha criatividade e esperteza para alinhar a própria vida a satisfação desse Desejo, para só então poder se matar.
Tentar fechar todos os próprios Caminhos já é prática da maior parte dos Suicidas, e especialmente os Inconscientes. Não há ação que um suicida possa fazer que o leve a ser mais bem sucedido nesse processo do que já é.
E, por fim, deixo claro – a mera morte do corpo físico não liberta do Plano Físico.
Não, o meu texto não se presta a ensinar como suicidar ou matar.
Se presta a apontar para a Ilusão de Poder que acompanha o suicida que nunca chegou a perceber, ele mesmo, que morte e vida estão além do seu controle.
Aquele que acredita que possui alguma espécie de Poder por sobre a própria vida.
A esse eu aconselho, já tendo estado nessa posição – não possui, e ao acreditar que possui, construirá para si atitudes, percepções e relacionamentos baseados em um orgulho sem fundamento.
2 Comentários
Vc ensina por cima muitas coisas interessantes, especialmente sobre os planos e como eles funcionam. Gostaria de saber mais sobre eles.
Acho muito triste que a realidade esteja repleta de seres muito poderosos e com muito conhecimento interessados em nos controlar e manipular. Seria muito melhor se quem estivesse acima de nós fosse melhor do que nós, mas pelo que vc diz estamos numa enrascada tremenda. É desesperançoso saber que temos que lidar com seres tão poderosos…
O poder não é o que está “acima”. Os seres que estão “acima” não são mais ou menos poderosos. Tomam para si ou se livram do poder de acordo com sua própria prática.