Purim, os barulhos para espantar o mal e os presentes aos pobres

Dia de beber até ficar bêbado

Beber até não saber a diferença entre bendito seja Mordechai e amaldiçoado seja Haman.

Dia 17 de março de 2022 foi Purim (como vocês já devem saber, o “dia” de Purim foi do anoitecer do dia 16 até o fim da tarde do dia 17). Alguns pensamentos sobre esse dia que passou.

Ainda acho curioso essa necessidade de unir um herói e um vilão. Por que esquecer a diferença entre essas duas personagens se a função de Purim é exatamente lembrar dessa história?

Penso em hishtavut. Seria a bebida um caminho para a equanimidade? Ou apenas uma metáfora para o estado contemplativo de equanimidade esperado por aquele que ouve a história de Purim. Equanimidade é não pensar mal de quem lhe fez mal, mas também é não pensar bem de quem lhe fez bem. Mordechai e Haman seriam iguais para alguém equânime?

A Megilat de Esther não fala em D’us

O oculto é importante para o Purim. Esther foi chamada de Hadassa, a oculta. D’us opera sem ter seu nome citado no livro de Esther, que reconta a história de Purim. Cobrimos nossos rostos com máscaras e nossos corpos com fantasias durante a festividade de Purim.

Mas, dizem, o essencial é invisível aos olhos.

Barulhos para afastar o mal

Groger é o nome ídiche para a Matraca que faz barulho durante Purim. É um de muitos instrumentos utilizados pelo judaísmo e por outras religiões para afastar o mal. Outros instrumentos com essa função são:

  • Balingbing e bunkaka, nas Filipinas.
  • Tintinnabulae, na Itália.
  • Drangyen, no Butão.
  • Caxixi, na Angola.

Existem diversas explicações. A que mais gosto (e mais judaica) é: a palavra é existência; o barulho é a “anti-palavra”.

A ideia é, de certa forma, destruir o nome através do barulho.

Ritual

O ritual é simples. Jejum e uma doação.

É esperado que a pessoa ouça a leitura do Livro de Esther e, a cada vez que o nome de Haman é dito, faça o máximo de barulho possível. Um número relativamente pequeno de judeus vai à sinagoga no dia de Purim. As escolas judaicas ainda mantém a tradição para as crianças.

Doação

Nesse ano, me lembraram que, embora seja normal doar apenas o valor de uma refeição que não consumiremos durante o jejum de Purim, chamamos essa doação de “presente”.

Presente é mais do que uma doação. É mais do que uma obrigação. É algo que faz bem a outra pessoa e que a deixa feliz.

Acho difícil amarrar essas pontas soltas.

Mordechai e Haman deveriam ser lembrados da mesma forma? Tiveram o mesmo papel para a união do povo judeu?

Devemos nos ocultar porque todos nós temos o mesmo papel? E se temos o mesmo papel, nosso papel importa tanto assim?

Shbaa.

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