A pronúncia das letras hebraicas

Tarot com as letras em Hebraico disposto para indicar onde são formados os sons das letras no sistema fonador humano. Em vermelho e laranja, os contorno do sistema fonador com a boca virada para a esquerda.

Faz um tempo que estou devendo esse esquema para a pronúncia das letras hebraicas. Sugiro que façam o exercício com um baralho próprio ou desenhando as letras enquanto experimentam pronunciá-las. O objetivo é articular os sons em seus devidos lugares, compreender as distinções e, se possível, anotar as diferenças sensíveis entre eles. Algumas letras serão muito parecidas, outras completamente diferentes. Algumas diferem pelo momento em que a voz é projetada, outras não têm voz alguma.

Mem, Vav – Forman-se nos lábios. O som do mem, embora leve o componente de reverberação até mesmo nasal às vezes, só ocorre com o fechar e abrir dos lábios. Vav especificamente deve ser pronunciado com na ponta dos lábios, sentindo-se a vibração.

Peh, Bet – Um pouco mais atrás estão Peh e Bet. Se considerarmos os sons dessas letras com o daguesh (o pontinho no meio) elas têm som de P e B e ficam mais à frente, juntas com Mem e Vav. Sem o daguesh, elas têm som de F e V, e formam-se ligeiramente à frente dos dentes.

Tav, Tet – Ambas são formadas com o toque da ponta da língua na parte de trás dos dentes. Alguns cabalistas fazem distinção entre as duas, dizendo que Tet está no grupo seguinte e, portanto, está na ponta da língua, sem tocar os dentes. Escolhi colocá-las no mesmo grupo, a pronúncia parece gerar resultados mais claros. A distinção entre as duas pode ter se perdido no tempo.

Dalet, Samech, Tsade, Nun, Lamed – São formadas na parte de cima da língua e na frente, tocando e abrindo o céu da boca. Pode soar ligeiramente diferente das consoantes que usamos, como se a língua estivesse pesada nas primeiras tentativas.

Resh, Shin, Zayin, Guimel – Formam-se no meio da língua. O Resh é o R do meio da palavra, não o R rasgado inicial, nem o solto final. Shin com o ponto à esquerda vai para o caso anterior, com o som sibilante do S que usamos. Shin com o ponto à direita tem som do X. Zayin, assim como o Z, só difere do Sh/X porque a voz sai ao mesmo tempo que o ar inicia. Experimente.

Yud – Na maioria das vezes como vogal, com som de I, forma-se quando a abertura entre a língua e o céu da boca está livre. Deve reverberar ali dentro antes de sair. É preciso encontrar o ponto no qual o som faz tremer em cima e embaixo.

Khaf, Quf – Para sentir essas letras, o mais fácil é utilizar o som Ã. “Cã! Khã”! Se Mem abre e fecha os lábios, há de se sentir a mesma sensação, só que na parte de trás da língua.

Cheth, He – Também com leve divergência entre cabalistas, Cheth aparece como mais “ríspido” do que He. A nossa letra H substitui a indicação de que não havia som consoante antes de uma vogal no começo de uma palavra grega. No hebraico, essa indicação não existe, portanto não se deve confundir He com H. He tem som, mas ele é bem menos áspero que o de Cheth. Imagine que com H estamos soltando ar e com Cheth estamos removendo água da garganta.

Ayin e Alef – Geralmente aparecem como vogais ou como letras “mudas”. Coloquei-as na posição de oclusivas glotais. Na prática, significa que elas “fecham a garganta” no início no fim de um som. Ayin ainda pode ser a chamada “aproximante farínge”, que na prática significa que Ayin pode indicar um som alongado enquanto Alef é sempre curtíssimo.

Exercitando

Como curiosidade, não conseguimos distinguir o quem fala quando este não projeta voz, quero dizer, é difícil saber quem sussura, por exemplo, pois sussurro não tem vibração das cordas vocais.

Há consoantes que não pedem que as cordas vocais vibrem. Sem a voz, sem as cordas vocais — como num sussurro — não podemos reconhecer o autor da fala. De que adiantam na magia as letras (ou palavras) que não distinguem a voz de que as pronuncia?

Shbaa.

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