Purim, 25/26 de fevereiro

Quando precisamos nos esconder

Usar máscaras já teve um significado mais feliz.

Não só no Carnaval, mas, séculos antes, em Purim.

Alguns dizem que as máscaras servem para lembrar que houve uma época em que judeus precisaram se disfarçar para sobreviver — isso ocorreu várias vezes na história, na verdade. Outros dizem que servem especificamente para simbolizar o oculto, que nada é apenas sua aparência.

A narrativa de Purim é conhecida como o livro da Torah em que o nome de D’us não aparece. Ainda assim, como judeus, acreditamos que foi Ele que nos salvou. Isso não nos impede de enxergar que a salvação veio da união do povo judeu.

A união, o cuidado um com o outro, a confiança de que venceríamos. Se, como já acontecera antes, um único judeu tivesse vendido seu irmão, se um único judeu tivesse entregado um desafeto também judeu, nós não teríamos sobrevivido.

Nos dias 25 e 26 de fevereiro agora celebramos essa união e a crença de que nada é apenas o que parece. Estamos separados, mas unidos. Dependemos uns dos outros ainda por mais esse ano até que todos estejamos salvos.

Muita gente vem procurar sabedoria oculta, um segredo para entender o espiritual e melhorar ou pelo menos sentir-se melhor nesses tempos de crise. (Se vocês encontrarem, me avisem.) Mas se alguém ainda lê a Torah, chegaria a notar que depois da outorga das tábuas à Moisés, depois que o povo compreende e aceita a Aliança outorgada a eles, a Torah nos traz uma discussão sobre divisão de terras.

Depois da maior elevação espiritual do Judaísmo, nos voltamos ao mais mundano: regras para medir o solo. Aprendemos, mas isso não permite descansar.

Recomeçamos do início (10=1).

Antes da iluminação, carregar água, cortar lenha. Depois da iluminação, carregar água, cortar lenha.

Purim é uma oportunidade para voltarmos ao básico, ao mundano. Um dos muitos inícios do calendário judaico.

O ritual esperado é simples, jejum e uma doação — geralmente se doa apenas o correspondente à refeição que não consumiremos. Como todo jejum judaico, segue-se uma farta refeição e uma comemoração. Neste ano, sejamos vigilantes, lembrando que o velho cliché “essencial é invisível aos olhos” está sempre presente.

Shbaa.

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