O Æon de Óðinn

Este será um post bem referente às minhas práticas pessoais, além da magia pagã nórdica ou LHP – porém tangenciando aprendizado que tive em ambas. Após termos em mente uma noção de “æon, colocarei aqui em linhas demais as energias æônicas que eu percebo percorrendo meu trabalho magístico.

Imagem destacada: a revelação de Óðinn em “American Gods

Como estou realmente abordando aspectos bem pessoais e referentes à prática aqui, quero deixar claro que nada disso é definitivo e que é muito mais sobre minhas próprias percepções e experiências. Conforme nos aprofundamos em um sistema, me parece natural que ele comece a soar um pouco “nosso” e adquirir cores próprias – e ao praticar mais de um, pode ser que comecemos a notar algum tipo de característica marcante que permeia toda nossa obra como magistas. Acabei reconhecendo um alinhamento com uma corrente energética æônicas, e decidi nomeá-la por Óðinn – esta divindade em suas diversas facetas é uma figura central tanto na prática pagã quanto LHP e sua influência se faz bem evidente nesse æon.

Seguindo as convenções, a “Palavra” declarada para este æon é “óðr“; estudado aqui como um aspecto elevado da alma humana, o termo pode ser traduzido como “furor” ou “inspiração”, e é uma das palavras que originou o nome mais famoso do Poderoso Sábio. A “Fórmula” é “Óðrinn skal vera sunginn“*, ou “O Furor/A Inspiração deve ser cantado/a”. Extraídas especialmente do aspecto “Deus do Êxtase” de Óðinn, reflete o estado intenso e visceral que entramos ao acessarmos estados elevados da Consciência de forma que nos sentimos compelidos a projeta-lo; assim, ao darmos vazão a sensações tão intensas, somos inspirados a novas e criativas formas de linguagem que se convertem em Chaves para os Mistérios inomináveis.

Dessa forma, também podemos afirmar que o “Æon de Óðinn” é um onde os Véus são rasgados e tudo aquilo que está além se torna acessível, como direito da humanidade. Os “guardiões” passam a assumir funções de orientadores, disseminadores e abrem os caminhos para que sejam percorridos e concedam a Inspiração àqueles que trilharem. Porém, devemos lembrar que o Sanngetall (“Adivinhador da Verdade”) é propenso a enormes sacrifícios em troca da essência oculta – desde seu olho na Fonte de Mímir, até seu próprio corpo nas raízes da Yggdrasill em troca da magia rúnica; e ainda, Grímnir (“Mascarado”) é muito lembrado como um deus trickster que não hesita em projetar ilusões para obter aquilo que quer. Aqueles que não possuírem a Mente astuta, capaz de encontrar soluções inusitadas e torcer os eventos ao seu favor, podem não sobreviver à este æon; e ainda, muitos ao serem invadidos pelo fluxo intenso do Furor podem encontrar a loucura e jamais conseguirem alinhar o êxtase visceral em uma linguagem criativa.

Para aquelas que gostam de associações planetárias, podemos dizer que o “Æon de Óðinn” é um de influências predominantemente mercurianas. Como um referencial comparativo, os æons de Osíris e Hórus (descritos por Crowley) seriam solares, enquanto o æon de Set (descrito por Michael Kelly) seria saturniano.

Sintam o êxtase, e deixem suas Mentes se elevarem. Deixem que ele flua como fúria, enquanto suas mãos forjam a Inspiração como a linguagem que transforma e molda a Realidade. Liberem suas vozes em furor, e soarão como um trovão que faz os céus e a terra tremerem!

-Ravn 

*Agradecimento à Seaxdēor pela ajuda com a tradução da Fórmula para nórdico antigo.

Bônus: escrita em runas, a Fórmula pode ser gravada da seguinte forma: :ᚬᚦᚱᛁᚾ∙ᛋᚴᛅᛚ∙ᚢᛁᚱᛅ∙ᛋᚢᚾᚴᛁᚾ:

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