Como vimos no último capítulo, o Plano Astral é um lugar bem legal. Um reino que não tem forma, que é feito de um algo que se molda aos nossos pensamentos. Iniciando a discussão, o que o diferencia do Plano Mental, isso é, do local onde guardamos nossas Memórias dentre outras coisas?
Vamos lá.

Resposta rápida (ou nem tanto):
Você não vê o plano mental. Nós somos como bactérias ou fungos lá – não temos como observar a nós mesmos, porque ainda não possuímos um corpo adâmico desenvolvido, isso é, é necessário um plano de forma para observar outro plano de forma. Podemos observar o plano físico, porque, ao entrarmos em contato com ele, nossos pensamentos se normatizam e se regularizam em padrões que nos fazem presos a certos limites, limites esse que são o que nos dá orientação mental – como passado e presente, objeto tal ou objeto qual. Isso é, quando a luz bate em nossos olhos, por exemplo, isso gera uma excitação em certas células, que então geram ativação de certas áreas de nossos cérebros, que então geram certas excitações energéticas em nós, que então afetam nossa mente de modo com que conceitos como Cor, Dimensões e Geometria se unam em um único pensamento… a imagem de uma garrafa d’agua, por exemplo.

Pensamentos podem comportar a imagem de uma garrafa d’agua, pois são elementos que se unem para gerar a imagem de algo. Mas e os próprios pensamentos, que elementos podem se unir para gerar a imagem deles?

Como não temos um corpo capaz disso, por exemplo, um corpo de atman, somos incapazes de ver as formas que nossos pensamentos têm. Ainda que eles tenham e seja o modo pelo qual certos seres conseguem ser tão mais fortes psiquicamente que a gente 😉
E falando em força psíquica…
Plano Astral
Pois bem.
No último post vimos que o Plano Astral é um plano de Forças.
Isso significa que ele é como um conjunto de campos, por exemplo, com diferentes naturezas entre eles (campos elétricos, campos magnéticos, campos gravitacionais, campos de força nuclear… etc.), de modo com que alguns se afetam mutualmente e outros não (e, de fato, Dion Fortune diria que campos elétricos e magnéticos SÃO parte do plano astral… enquanto Kardec e Chico Xavier já diriam que são parte do plano etérico… enfim).
Esses campos são inerentes a um plano de forças, mas fortemente alinhados com o que chamamos no nosso post sobre deuses de deuses irradiantes – isso é, com “coisas” que produzem campos (tipo um campo eletromagnético produzido por um quasar… exceto que têm coisas não-físicas capazes de fazer isso também).
Isso significa que, conforme nossos “corpos de campos” (os pequenos campos astrais, ou mais conhecidos como corpos astrais, produzidos pela ação de nossas mentes por sobre os imensos campos produzidos por seres irradiantes em geral), mudam sua natureza (o que é possível por uma mudança na qualidade de nossos pensamentos segundo a natureza desses pensamentos, assim como uma proteína, possuidora de um desprezível campo eletromagnético próprio, produzirá diferentes campos eletromagnéticos caso seja desnaturada em aminoácidos ou queimada em gás carbônico), nós acabamos afetando e sendo mais afetados por determinados seres irradiantes e, juntos deles, também por outros seres (com campos maiores ou menores que os nossos), conforme a lei dos semelhantes – isso é, os semelhantes se atraem.
Uma analogia para isso seria imaginar mesmo como o plano físico (o “Baixo”) influencia os campos gravitacionais (que poderiam ser chamados de Astrais no começo do século XX, mas não são mais referidos dessa forma). Um alfinete tem um campo gravitacional desprezível. Mas existente. Esse campo gravitacional vai ser influenciado pelo campo gravitacional de um humano ao lado dele. Também de forma desprezível. Ele e o humano serão influenciados pelo campo gravitacional de uma pirâmide. Também é forma desprezível. E todos eles serão influenciados pelo campo gravitacional do nosso planeta – agora não mais desprezível, pois é absurdamente imenso. Tão influenciados, de fato, que será uma força determinante na vida deles, assim como a Terra é determinantemente influenciada pelo Sol, e assim em diante.
Agora, entendamos isso no que diz respeito a algo que vá além de nossos corpos físicos. Nossos corpos etéricos estão definitivamente influenciados pelo “Baixo”, isso é, pelos Campos que advém da matéria física (gravidade do planeta, por exemplo). Já nossos corpos astrais, produzidos por nossos corpos mentais, podem vibrar mais próximos da matéria ou mais próximos de conceitos imateriais (os espertos já entenderam o porquê de “Tudo é Mente” e de existir uma distinção entre plano mental inferior e superior), o que influencia quais campos nos influenciarão.
Ao vibrarem mais próximos da matéria, por meio de pensamentos que se afinem com coisas materiais e concretas¹, o corpo astral da pessoa se aproxima da vibração da matéria, e assim forças como a gravidade ou a luz solar tendem a influenciá-la com mais e mais força. Daí que é muito difícil voar no umbral, e que se sente fome, sede, vontade de ir no banheiro, frio ou calor…. e ao mesmo tempo não se morre, pois a mente é que produz o corpo astral, logo, não importa o que ocorra com ele, enquanto sua mente estiver naquela vibração, você sentirá as sensações que são a reverberação do seu corpo astral encontrando as forças astrais daquele local.

Já ao vibrarem mais próximos de tal ou qual conceito, por meio de pensamentos que se afinem com coisas imateriais e abstratas, o corpo astral da pessoa tende a se afastar do plano material e se aproximar dos “blocos mentais” que são referentes àquelas ideias. Isso varia desde deuses e divindades a egrégoras ou mesmo o psiquismo de um mago – seja um mago branco, entidade da luz, ou mago negro ou similar.
Nesse sentido, podemos finalmente entender o porquê das dúvidas e desgostos do Hermetismo e da Teosofia no que diz respeito ao espiritismo, mediunidade e invocação dos mortos no geral. Um médium se conectará com aquilo que está próximo dele, então, a menos que espíritos se afinem com a vibração espiritual do médium, será impossível haver o contato de fato. Isso significa que o médium não pode simplesmente se jogar em estados de transe, ou estar com pensamentos inumanos na mente (como os típicos de quem possui mediunidade natural descontrolada e vive no mato….), pois isso só trará o contato com seres que não são o ser buscado.

Uma mente treinada e que saiba como buscar por outra mente no plano mental (geralmente por meio de uma ligação mental, o que pode se estabelecer com a mera menção da existência da mesma ou por meios mais brutos) pode e conseguirá achá-la e se comunicar com ela – pois adentrará o campo vibracional daquela mente e, ou irá até aquele campo, ou puxará a mente ao seu (em teoria – algumas mentes são elevadas demais, ou baixas demais, ou inumanas demais, para conseguirmos ir até elas, ou sequer nos aproximarmos…).
Como ensinou a doutrina espírita a partir da obra de Kardec, isso é, de seus esforços reiterados para que fossem criados padrões de qualidade e autenticidade para a comunicação com os espíritos, como a anonimidade do espírito (especialmente quando famoso) e/ou as provas de sua identidade como quem diz ser e como um ser pensante de fato, é necessário desenvolver a mediunidade, isso é, treiná-la e amadurecê-la até o ponto em que o médium seja capaz de se mover livremente no plano espiritual – pois só assim será médium de verdade, e não mero joguete nas mãos de outros.

Já no que diz respeito aos Cascões Astrais, sabemos que o Corpo Etérico persiste por até três dias após a morte da pessoa (às vezes mais) e sabemos também que há várias classes de seres inumanos que são perfeitamente capazes de, ao absorver certa cota da energia etérica de alguém, se passarem por aquela pessoa. Nesse corpo estão impressas diversas formas-pensamento que se relacionam com as memórias do antigo dono. Ainda, muitos seres inumanos são perfeitamente capazes de incorporar ou até mesmo encarnarem (em Encantaria vemos coisas como incorporação de encantados, do tipo boto ou curupira, e Crowley falou exaustivamente de elementais que encarnaram ou reencarnaram como humanos depois de um longo contato com a humanidade, que lhes deu as ferramentas necessárias para isso), logo, não surpreende que tenha surgido a ideia do “cascão astral” como sendo o cascão etérico reanimado por espíritos elementais ou, mais absurdo ainda, que o cascão astral ande pelo plano astral buscando alguém em quem encarnar para então magnetizar o encarnado e usar dele para suprir seus vícios.
Há aqueles que, como zumbis, se mostram nesse tipo de estado?
Claro que há. A literatura sobre obsessores e vampiros energéticos é farta e vasta.
Contudo, suas mentes embotadas se encontram tão presentes em seus corpos astrais como a mente embotada de qualquer viciado ou sexólatra está presente em seu corpo físico. Dizer que são puras bestas sem razão, ou achar inocentemente que seus pobres egos estão relaxando no plano mental enquanto suas sombras inconscientes vagam pelo mundo é ignorar que a inconsciência é um fenômeno da mente e não da matéria – ponto em que qualquer Bardonista, acredito, concordaria comigo.
Bem, sigamos então com o conteúdo inédito.

Geografia Astral
Como vimos, o plano astral pode ser dito se compor de quatro “direções”: O “Alto” (ligado a pensamentos imateriais ou distanciados da matéria) e o “Baixo” (ligado a pensamentos materiais ou próximos da matéria), assim como o “Humano” (ligado a pensamentos humanos ou próximos da humanidade) e “Inumano” (ligado a pensamentos inumanos ou próximos da inumanidade).
Lembremos, contudo, que essas direções são meramente didáticas.
Apenas as regiões mais baixas do umbral se encontram ligadas a localizações no plano físico – e é necessário estar na parte humana dessa faixa de vibração para se conseguir acessar o plano físico a partir de uma visão humana, ou seja, vendo, ouvindo e sentindo como um ser humano de carne e osso sentiriam.
(Obs: Note-se que, como será dito mais abaixo, aqui falo de “baixo” não no sentido de “inferior”, mas sim de “terreno”. A vibração citada não se aproxima de forma alguma àquela de locais sombrios ou “amaldiçoados”, cenas de crime ou de enormes eventos trágicos – mas sim da sensação de estar na terra, de estar encarnado, de viver no plano físico. Esses locais, aliás, conforme mencionei, são locais cujas energias estão justamente desviando-se desse foco, já que grandes cargas de vibrações astrais de inumanidade, de medo e de outros pensamentos de sofrimento se ligaram à energia etérica presente no lugar, assim criando uma ligação entre esses locais e zonas “infernais” do umbral. Daí que uma boa faxina com desinfetantes, algumas defumações e outros rituais que retirem a energia etérica presente e a reciclem são suficientes para cortar tal ligação e fechar tais “portais”. A imantação das energias etéricas por meio de vibrações astrais inumanas também é o modo pelo qual se criam coisas como espelhos de divinação ou de acesso a planos elementais e etc.).

Pois bem, pois bem. O “alto” é o pensamento imaterial, o “baixo” é o pensamento material. Mas e o celestial e o infernal? Há em ambos.

Ainda que o vocabulário religioso associe o “alto” e o “baixo” ao “celeste” e o “infernal”, isso não é exatamente verdadeiro, e as próprias religiões afro demonstram isso. Aruanda, por exemplo, a famosa cidade dos espíritos de umbanda. Seu foco é na natureza, na beleza, na exuberância das coisas. Há flores, mata, bichos. Tudo isso ou plasmado pelas pessoas, ou encontrado naturalmente naquela região, pois a mesma está muito próxima da matéria (sim, existem “vacas astrais”, haha…. só não sei se têm gosto de carne :v ). É uma cidade astral terrena. E extremamente celestial. No espectro oposto, vários infernos também tem essa característica.

Por exemplo, um “nada” escuro onde há apenas a constante sensação de dor e tristeza. Um local onde tudo que há é impulso sexual desvairado, revirando você de todas as formas, penetrando em todos os seus orifícios, até seus poros… Isso é tudo “alto” (imaterial) mas extremamente infernal.

Claro, celestial e infernal são conceitos intimamente ligados ao grau de humanidade e subjetividade próprios, e também muitos infernos clássicos são extremamente materiais, com os paraísos sendo imateriais. Por exemplo, o inferno católico sendo um lugar de enxofre e fogo, enquanto o céu é um lugar onde você fica constantemente “imerso na glória de deus”. Os espíritas em sua visão de elevação espiritual são extremamente inumanos, vendo o melhor dos destinos como sendo a angelitude… Isso é, em um conceito espírita, se distanciar do Ego e se focar em fazer coisas aos outros, eventualmente abandonando qualquer conceito do que seja si próprio, de fato apagando o próprio ego (ao invés da via hermética, que busca lapidá-lo em algo superior). Mas para o mago ou estudante de ocultismo em geral, esse tipo de conceito infantil tem de ser quebrado e jogado no lixo – donde você deve tacar fogo e oferecer as cinzas aos deuses da elevação espiritual.
Enfim.
Corpo Astral e Psiquismo
Como vimos, tudo no astral é definido segundo a lei das Formas. Formas afetam o Astral. Coisas que possuem as mesmas formas (sejam pensamentos ou físicas) se aglutinam nos mesmos lugares pela lei dos semelhantes. Assim, aqueles que pensam determinados pensamentos imateriais se unem a outros que pensam igual, aqueles que pensam determinados pensamentos materiais se unem a outros que pensam o mesmo, e assim em diante.
O psiquismo mais forte (a mente mais forte), por sua vez, domina o pensamento mais fraco (o psiquismo mais fraco), da mesma forma que, quando duas pessoas seguram o mesmo pedaço de madeira, a mais forte puxa a mais fraca para mais perto de si e pode usar a madeira para submetê-la completamente (até ela soltar a madeira, claro). Assim, criam-se zonas de domínio. Vamos explorá-las.

A primeira delas, e a mais difícil de se afetar, é a do corpo astral do indivíduo. Ela tem o formato mínimo e constante de um ovo negro. Essa forma identifica o monoideísmo – isso é, a presença de uma única ideia na mente do ser e nada mais. Tal forma é conhecida como “ovóide” e, para alguns seres (como os de alinhamento espírita), é o pior que pode ocorrer com um ser. Para outros (como os de alinhamento com a Umbanda Sagrada), o pior que pode ocorrer são banimentos para regiões de dor e sofrimento inumanos.
Além do ovóide, temos diversas formas de animalização ou sutilização do ser, segundo sua proximidade ou não com a matéria. Seres com corpos mentais que possuam muito poucas ideias tendem a possuir formas astrais ou muito sutis e simples (como um ponto de luz ou um corpo transparente de luz) ou formas astrais animalescas e voltadas às formas de vida mais simples e primitivas (como répteis ou vermes). Ambos possuem poucas ideias em suas mentes, mas os primeiros possuem poucas ideias imateriais (do alto) e os segundos possuem poucas ideias materiais (do baixo).

Por exemplo, um degradado mental do alto poderia ter em sua mente um desejo doentio e obsessivo em “realizar caridade” (um conceito imaterial), ignorando o resto todo do universo e se vendo em uma obsessão do alto (nada celestial, mas muito imaterial), enquanto um degradado mental do baixo poderia pensar exclusivamente em o quão monstruoso ele é, vendo em si mesmo características animalescas (infernal para a pessoa, um caso de pena para nós, mas muito material de qualquer maneira). Ambas as formas de degradação podem evoluir para ovoidização e são o principal motivo pelo qual mesmo espíritos “elevados” vibracionalmente precisam, às vezes, reencarnar, não por caridade, mas por necessidade – desde que tenham se mantido cada vez mais isolados e com cada vez menos interação mental, se deixando esquecer dos aspectos materiais sem colocar nada no lugar (aspectos imateriais), os mesmos perderão a forma cada vez mais, e aos poucos e invariavelmente acabarão ovoidizando (sim, ovoides com monoideísmo de uma ideia imaterial são possíveis).
(Obs2: Notemos que meditações que visam calar a mente não levam ao monoideísmo, e, na realidade, tendem a fazer o oposto – pois estimulam o controle da mente pela vontade e, dessa maneira, aumentam o campo de controle do ser sobre seu mental e sua força psíquica. Assim, não veja essa ideia da ovoidização pelo monoideísmo do alto como um monge budista ovoidizando, mas mais como uma pessoa buscando uma sensação ou conceito imaterial, por exemplo, uma sensação de prazer transcendental, de forma obsessiva).
(Obs3 : Não devemos confundir aqueles capazes de ir aos planos Altos e Inumanos com aqueles que se isolam nesses planos. Uma das maiores provas da capacidade mental e da variedade de pensamentos de uma mente é sua capacidade de transitar livremente entre o Alto e o Baixo, o Inumano e o Humano. Assim, um ser que apresente um corpo astral que seja um mero ponto de luz, mas seja perfeitamente capaz de retomar uma forma humana caso o queira, ou um ser que apresente um corpo astral animalizado, mas que igualmente possa retornar à humanidade segundo sua vontade, não está isolado nem obcecado com certos pensamentos – é justo o oposto, demonstra flexibilidade e diversidade mentais).
Dito isso, notemos que, caso dois seres se encontrem em uma mesma faixa vibratória e um possua tal poder mental que consiga forçar o outro ao monoideísmo, assim pode-se realizar a transformação de um espírito em ovóide. Tal técnica é muito empregada em certas regiões do umbral, tanto como uma forma de reduzir seus inimigos a uma situação infeliz, da qual dificilmente sairão antes de alguns séculos ou milênios, quanto como uma efetiva ferramenta de dominação das massas por meio do medo.
Já a transformação de um ovóide em espírito completo novamente é excessivamente difícil, pois exige que algum ser alcance o monoideísmo do ovóide em questão, seja capaz de sustentar o peso psíquico daquela ideia, o aproxime de si (o que gerará uma constante repetição, com toda a força psíquica do ser, daquela ideia) e então produza inserções de conteúdo mental diretamente na mente do ovóide em questão – o que deve ser acompanhado do reforço desse conteúdo mental até o momento em que a mente artificialmente reestruturada do ovóide consiga suportar o peso psíquico da ideia que anteriormente o ovoidizou. Para isso, claro, é necessário ainda que a atenção, isso é, o poder psíquico do ovoide seja ainda desviado da ideia original e espalhado entre as novas ideias apresentadas ao mesmo – o que só pode ser feito por meio de técnicas de fascinação, motivo pelo qual os espíritos que realizam tais funções normalmente assumem formas femininas – mais próximas da vibração necessária para se fascinar e reestruturar mentalmente um ovoide. Esse tipo de técnica é muito raro e é, às vezes, conhecido como “gravidez espiritual”.
Fora desse tipo de situação extrema, o corpo astral do ser costuma ser total e completamente plasmado (isso é, dado forma) pela pessoa em si. Até porque quão mais ampla a área que se deseja dominar no astral, mais força psíquica deve-se ter, de forma exponencial, assim, mesmo um ser psiquicamente fraco costuma ter força psíquica suficiente para suportar investidas eventuais de um mago fraco ao seu mental (motivo pelo qual casos de Obsessão complexa, mesmo quando o obsessor é um Mago Negro, costumam demorar anos para gerar quadros de insanidade grave), no que diz respeito à forma de seu corpo astral.
Moradias e Reinos
Retirando-se o corpo astral do indivíduo, passamos a um aspecto onde o que importa na definição da geografia de um determinado espaço astral é algo mais geral. A menor unidade geográfica de um espaço astral é uma Moradia astral. Esses são pequenos espaços, como aqueles presentes em cidades e colônias espirituais, onde o que vemos é a presença de casas, prédios e outras estruturas plasmadas a partir da mente de alguém.
Tais unidades raramente estão livres da influência do Reino astral a que pertencem, a menos que de fato se encontrem em meio a blocos mentais relacionados muito fortemente a pensamentos de individualidade (de modo com que a presença de Reinos é dificultada e, de fato, até mesmo a presença de Moradias e, em alguns lugares, de Corpos astrais é quase impossibilitada – certas regiões de individualidade possuem uma concentração de matéria-pensamento nesse sentido tão forte que é impossível evitar a ovoidização).
Nisso, vale a pena dizer que, após um certo período de tempo e dependendo da intensidade do psiquismo de alguém, uma determinada plasmagem no plano astral pode durar muito tempo, pois os blocos de pensamento aglutinados ao redor daquela localização astral podem durar bastante. Além das Moradias astrais, os chamados Reinos astrais incluem diversos “súditos” sob a liderança de um único “Rei” ou “Mestre” do dito espaço. Esses súditos, em planos de tal ou qual índole mais cooperativista, podem se unir a esse Rei ou Mestre na construção do espaço, algumas vezes sendo até mesmo mais fortes psiquicamente que esse mestre – mas empregando sua força psíquica segundo as instruções do mesmo por razões tais ou quais.
Já em regiões infernais o mais comum é que um único ser, muitas vezes de posse psíquica de um Trono, submeta e escravize seus “súditos” ao invés. Esses reinos podem aparecer em muitas formas: Colônias, Cidades Astrais, Bolhas de Realidade (como um pequeno reino onde existe todo um cenário e entidades conscientes criadas pela mente de diversos fãs da trilogia Senhor dos Anéis – sim, você pode visitar a Terra Média) e assim em diante.
É muito comum, nas ordens mágicas, que parte do treinamento do aspirante a mago, bruxo, feiticeiro ou xamã, seja construir a sua própria moradia e, eventualmente, o seu próprio Reino astral. A moradia serve para que o mago aprenda a dominar o plano astral e a controlá-lo com sua vontade por meio do psiquismo. O reino aparece quando o mago começa a desenvolver formas de vida artificiais (como servidores) ou encontra espíritos amigos (como guias, mentores, animais de poder e etc) e dá a eles espaço em seu reino. Não preciso dizer que, nos campos infernais do astral, é muito difícil se encontrar um mago que deixe espaço para alguém adentrar seu Reino sem antes estar totalmente submetido a ele.
Além de Moradias e Reinos, contudo, encontram-se tipos de estrutura que já vão muito além do que se pode esperar de um mero ser humano (mago ou não) criar de qualquer forma que seja com o seu Psiquismo. Assim dito, até esse ponto é razoavelmente seguro para o projetor astral eventual brincar de explorar. O maior perigo é um psiquismo astral forte tentar aprisionar (de forma mais ou menos permanente – isso é, até a pessoa acordar ou ser acordada) o projetor, mas a presença do corpo físico ligado ao corpo astral do mesmo praticamente garante que isso seja impossível, já que o corpo físico é uma forma com tal intenso poder de afetar o corpo do projetor que pode ser considerado um trono pessoal.

Tronos²
Um trono astral é um local de assentamento natural de energias. Em relação a locais baixos (próximos do plano físico) isso inclui os famosos Pontos de Força de Umbanda (Cachoeiras, Rios, Matas, Cemitérios, Mar, etc), além de locais criados, como assentamentos de entidades (especialmente de esquerda) e o próprio corpo físico de cada encarnado (um dos motivos pelos quais fazer tatuagens ou dar seu sangue a seres espirituais não é boa ideia – você não quer alguém assentado no seu assentamento, compartilhando e ameaçando tomar o seu poder pessoal).
Já nos locais altos, isso inclui qualquer local onde haja grande confluência de blocos de pensamento, como a egrégora do Huehuehuebr (o neón dói), a própria Terra-Média, a egrégora das batalhas no oriente médio (não recomendo), o ponto focal de Krishna (delicioso) e a de Aokigahara (floresta dos suicidas). Como parece óbvio, veja-se que tais Tronos são locais dominados por ambas as categorias de qualidade, Celestiais e Infernais.

Sem tanta força, mas ainda assim sendo uma espécie de trono, podemos incluir aqui ainda todas as formas de Templos, Casas Espíritas, Terreiros, Locais de Encontro e Palestra e etc. Isso é, locais sagrados, onde se magnetiza a energia do local em prol de uma egrégora e se “consagra” (torna-se sagrado) um solo, o que é justamente isso, prender as energias a determinada egrégora e/ou bloco de pensamento. Especialmente útil é saber que existem certos tronos que estão muito além do controle individual de qualquer um, como o Oceano, a inteireza de todos os Cemitérios, o Sol, o planeta Terra, etc. Mas isso não impede que diversos grupos busquem domínio sobre tronos menores, como certos tronos astrais e, mais comum de todos, os ninhos de dragão – acúmulos de energia telúrica advindos da geografia planetária e de certas leis de geometria sagrada (inerentes ao nosso papel como habitantes da força psíquica do Demiurgo).
Assim sendo, os Senhores de Tronos tendem a serem aqueles que, ou encontraram vazio e se assenhoraram de um trono, ou conquistaram-no, ou o receberam por algum meio. Em reinos inumanos, o processo diferencia-se muito, como pode-se imaginar. Muito comum nos romances de Umbanda Sagrada é a tomada de Tronos daqueles que vão contra as Leis Sagradas de Umbanda e estão em Tronos regidos por determinados Orixás.
Sigamos.
Orbes
Todo Orbe, isso é, planeta ou estrela, é em si um ponto de força material. Igualmente, há estruturas mentais tão grandes, que possuem tanta força quanto. Deuses, Orixás, dentre vários outros tipos de entidades enormemente monstruosas, não deixam de ser seres que, ou dominam muitos tronos, ou são tão monstruosos a esse nível. Assim, podemos dizer, por exemplo, que Exu Caveira é o senhor do cemitério a mando do senhor Omulu. Mas vamos em um antigo cemitério familiar e encontramos um guardião elemental sob o comando de um mago encarnado.
“Todo” cemitério é um local onde há corpos enterrados apodrecendo. Isso gera um certo acúmulo de energias astralinas tais ou quais que podem ser chamadas “Exu Caveira” (a capacidade de manter consciencia e racionalidade em meio às energias do apodrecimento) dentro de um mistério maior (de toda forma de final e apodrecimento, assim como de toda terra e todo osso) chamado “Omulu”. Além disso, vários cemitérios estão de fato sob a egrégora de umbanda ou nas mãos de entidades (senhores do trono) que possuem título de Exu Caveira e são seres artificiais (ou humanos com mentais muito desenvolvidos) e que se identificam como Omulu.
Mas isso não impede que o senhor de um cemitério seja um exu veludo – ou o seu vizinho. Um cemitério tal ou qual sempre terá um certo acúmulo de determinadas energias astrais, devido ao fato de ser uma terra com corpos humanos enterrados nela. Mas esse é um acúmulo Baixo, e níveis mais altos relacionados àquele local (como o grupo de pensamento das pessoas que visitam aquele cemitério, a sua egrégora) podem até mesmo estar totalmente vazios. O mesmo se aplica ao nosso Orbe, isso é, ao planeta Terra, e a vários outros.

O Orbe em si, assim como suas regiões astrais mais próximas, possui tutela, que eu saiba, inumana e elemental. A bola de terra e lava, afinal, influencia muito o plano astral próximo a ela. Aqueles que visitam locais além-terra nesse nível de vibração normalmente encontram “coisas” estranhas e curiosas quanto ao que é aquela coisinha humana andando por ali. Já em regiões menos materiais, seres diversos, egrégoras várias e acúmulos mentais outros criam mundos por diversas maneiras. Alguns estão sob o domínio de seres com psiquismos a nível divino, outros são meramente produto do acúmulo de ideias tais que formaram um mundo inteiro mesmo.
De fato, não é difícil compreender que, dentro de uma mesma ideia de certo nível de abstração (como a ideia, digamos, de “mundo” ou “planeta”), haja planetas inteiros criados e plasmados em níveis levemente diferentes de vibração (sim, dá pra visitar a “terra plana” a partir do astral… assim como a “terra oca” e várias outras). Pois esse é um conceito muito geral, reconhecido não só por humanos de praticamente todas as épocas quanto também muito explorado. Assim, mesmo que não se esteja visitando um trono específico, sair em projeção para “rodar pelo mundo” pode te levar a lugares que simplesmente não existem no plano físico 😉
Galáxias e Universos Astrais
Além desse nível, não há muito o que dizer, exceto que há psiquismos (ou leis mentais) que garantem que grandes blocos mentais se organizem e que produzam domínios, tanto a nível físico quanto a nível abstrato. Todas essas estruturas monumentais, contudo, se resumem a um único uso prático.

Sub-Planos Astrais
Ao abrirmos nosso campo de percepção para as Grandes Generalizações, podemos perceber que, se há vibrações tais ou quais que se aglutinam e se elas possuem dégradé entre elas, devemos poder separá-las toscamente em partes (assim como a escala musical ou as cores).
Essa separação tosca aponta para o que chamamos de Sub-Planos astrais, isso é, os muitos pequenos mundos (ou até universos fechados) que se encontram todos sob a tutela de uma única coisa – um enorme bloco de pensamento ou de matéria que se pode chamar de “vibração fundamental” daquele espaço.
Assim, um sub-plano astral é o amontoado de tudo que vibra mais ou menos na mesma vibração, e especialmente em vibração próxima o suficiente para que os seus habitantes consigam interagir uns com os outros – por exemplo, todas as cidades astrais onde seus habitantes, se mudados de uma cidade para a outra, conseguiriam ver, tocar e falar com os habitantes de lá. Esses sub-planos são uma enorme classificação generalista que visa tornar a compreensão do plano astral mais simples.
Resumo Final
O Plano Astral é um plano de Forças que é influenciado pelos planos de Formas que com ele interagem. Que conheçamos, esses planos de Forma são apenas dois: o plano mental e o plano físico (ou os planos físicos, se partirmos da ideia de que há vários universos materiais). Ambos geram uma escala de vibrações – aquilo que vibra mentalmente mais perto do material e físico e aquilo que vibra mais perto do imaterial e mental.
Além dessa vibração, temos ainda nosso conceito como seres humanos como um certo amontoado de blocos de pensamento (que incluem os pensamentos inerentes aos cérebros que temos, por exemplo, enquanto formas que moldam os nossos corpos astrais, incluindo aí as necessidades de respirar, sexo, etc.). Há várias outras vibrações além dessas, o que nos traz o conceito de Humanidade e Inumanidade. Por fim, em termos de seres humanos, podemos ainda classificar o plano astral como Celeste ou Infernal, segundo os pensamentos que constituem suas vibrações e como nós os classificamos.
Dessa maneira, o plano astral pode se demonstrar em quais quer escalas desejadas como Alto ou Baixo; Humano ou Inumano; Celestial ou Infernal. Dentro dessas escalas, as forças mentais em geral, assim como os objetos físicos em geral, geram grandes concentrações de forças astrais, as quais influenciam todos dentro delas.
A nível mais individual, é o ovóide monoideísta.
A nível comum humano são o corpo astral, a moradia astral e o reino astral.
Em meio a, e acima desses, encontram-se ainda os Tronos astrais.
E, por fim, temos os Orbes, Galáxias e Universos que se organizam, todos, segundo as leis pelas quais os grandes blocos de pensamento se organizam, formando assim os Sub-Planos astrais. E assim terminamos nosso estudo da geografia do plano astral.
Obrigado a todos por terem me acompanhado nessa viagem, e uma boa noite.
1 – Ok, não vou ser cuzão. O plano mental existe antes do plano físico. É nele que existem os pensamentos que podemos dizer serem as coisas “concretas”, como cores ou ângulos. Esses pensamentos materiais condensam o fluido primordial (energia) de tal maneira que o mesmo produz campos que, eles sim, dão origem à matéria. Na verdade, portanto, não é que os objetos físicos alterem o plano astral – é que os pensamentos que são origem e que mantêm o plano físico junto enquanto algo que existe é que estão sempre presentes próximos ao plano físico. Para estar na terra, você deve se submeter ao Senhor da Terra (o psiquismo que aglutina os pensamentos tais e quais e é responsável pelo enorme bloco mental entendido como “Universo Físico”, chamado de vários nomes, como Demiurgo, Logos Solar ou assim em diante). Mas ainda é possível ir além dele, se você condensar poder psíquico suficiente em um ponto pequeno o suficiente. Saiba disso, mas não se empolgue. Lembra da nossa série de textos sobre poder e destino? Mesmo que se submetam às leis físicas e se façam “milagres” que desafiam as “leis naturais” (as leis demiúrgicas, isso é, gravidade, etc.), ainda assim isso será em conformidade com as leis mentais e com o Ego – de modo com que não será milagre algum, mas mero resultado do destino.

2 – O nome “tronos”, na Umbanda Sagrada, refere-se a qualquer espaço de domínio de um ser espiritual e que possua alguma espécie de poder inerente – seja um espaço pequeno e limitado como os aqui chamados “tronos”, sejam orbes, galáxias ou universos espirituais. Por isso, existe o “Trono Negativo de Omulu” que é regido por vários “Senhores de Tronos Negativos à Esquerda de Omulu”.
3 Comentários
Excelente trabalho man, estou gostando bastante dos seus textos. O próximo focará em qual assunto? ou vc para por aqui?
Opa, obrigado 🙂
O próximo eu ainda não planejei. Mas estão vindo umas coisas interessantes. Eventualmente pretendo fazer uma série sobre o Ego que, acredito, vai ser bem legal.
Boa noite parabéns pelo texto espero ver algo sobre os egos como mencionado aconselho dar uma olhada no Samael aun weor que adora o tema e gudjierff que trata muito bem o assunto .