Depois de discutirmos os Instrumentos mais recorrentes na magia prática (parte 1, parte 2), falaremos agora sobre a questão que tanto bloqueia iniciantes: como deve ser a forma física de um Instrumento? Deve seguir instruções tradicionais porém pouco práticas nos dias atuais? Ou é possível adaptar e usar o potencial de nossas Mentes para dar formas mais diversificadas à eles?

Retomando o primeiro post, um dos principais motivos no qual usamos Instrumentos é que eles são excelentes atalhos para determinadas energias e vibrações, além de nos manterem conectados com egrégoras. Além disso, é importante dizer que os Instrumentos são “carregados” a cada utilização – todo ritual em que são usados impregnará suas energias neles; é como se cada trabalho fizesse o objeto ficar “mais poderoso”, pois além de se alinhar cada vez mais com o seu propósito ele também terá traços de cada vibração com que entrou em contato. A minha adaga, por exemplo, começou a adquirir afinidade com um processo de abertura de portais usado na Via Draconiana pela frequência em que a utilizei em minhas práticas LHP.
Muitas vezes, quando consultamos grimórios antigos, encontramos instruções para a confecção de um Instrumento que envolvem data e hora específicos e muito rígidos para colher materiais; na época de Eliphas Levi, por exemplo, bastões deveriam ser colhidos de aveleiras na madrugada da lua cheia que antecedesse o florescimento da árvore usando uma foice especialmente preparada para esta função, e receberiam posteriormente fios e anéis de metais como cobre e zinco (reflexo de associações com o magnetismo, que dominavam o pensamento do período). Na magia cerimonial e em vias religiosas como o candomblé, um grande (e caro) aparato é necessário para a consecução do trabalho, apoiado não apenas na simbologia da egrégora (estabelecendo a conexão entre o que será feito no micro com o macro) como também em séculos ou até milênios de tradição.
Em contrapartida, correntes de pensamento contemporâneas como a magia do caos defendem o oposto – com sua abordagem pesadamente psicológica, o Instrumento seria apenas uma âncora mental e sua forma deveria dialogar unicamente com o subconsciente do operador. Uma faca de cozinha pode ser tão funcional quanto uma espada cerimonial; ela poderia ser substituída por um anel, ou uma simples carta de papel – o importante é a relação estabelecida entre o magista e o objeto.
Um isqueiro pode dar um bom Instrumento…
Um item feito de madeira, por exemplo o bastão ou mesmo taça, deveria ter sua matéria-prima cuidadosamente selecionada através das correspondências com que seu usuário deseja trabalhar – criando assim um objeto que já possui uma energia alinhada com seu propósito. Caso não seja possível uma seleção tão criteriosa, é possível adicionar cristais e símbolos que reforcem a conexão com a egrégora e o uso que o objeto terá; mesmo assim, é importante se atentar à fatores como a contra-indicação do uso de itens feitos de plástico, pelo material ser um péssimo condutor energético. No caso de adagas e outros itens que remetam à armas brancas, não é preciso que possuam corte caso a função seja unicamente ritualística e simbólica – porém suas lâminas e pontas deveriam ser necessariamente de metal.

Pelo alto grau simbólico em suas lâminas, tarots de cunho iniciático são apontados como bons substitutos para Instrumentos – especialmente usando os quatro ases no lugar dos Quatro Instrumentos. Obviamente, esta abordagem possui a desvantagem de restringir um pouco o magista – ele estaria sem um recipiente para líquidos, por exemplo. Recomenda-se que aqueles que optarem por essa alternativa adquiram um bom domínio de visualização para tirar o melhor proveito do alto potencial das lâminas.
Tendo essas ideias em mente, nunca se esqueçam de fazer experimentações e tentar encontrar novas formas de usar objetos para facilitarem seu trabalho. Some seu conhecimento em torno das correspondências energéticas de materiais com a da simbologia de suas chaves, e encontre assim novas formas de dialogar com ela – muitas vezes descobrindo um Instrumento novo para uma tarefa presente nela. Usando novamente um exemplo pessoal, em meus exercícios com a Via Draconiana acabei descobrindo que uma pedra de obsidiana bruta é um excelente foco para as energias evocadas neles através de testes práticos, onde as propriedades da pedra auxiliaram e seu formato remeteu ao pensamento da egrégora.
Por fim, jamais esqueçam de aplicar uma consagração aos seus Instrumentos, feita de acordo com a metodologia e a egrégora em que será utilizado – já fazendo a função de fazê-lo vibrar no Astral com a função indicada e ativar as propriedades de seus materiais. Tratem-os com cuidado e respeito, e caso seja algo que tenha também um uso cotidiano (como canetas e outros itens de escrita, ou as próprias taças) mantenha-os guardados apenas para uso magístico – lembre-se que você até pode usar um bisturi para passar manteiga no pão, mas não seria adequado. Que seus Instrumentos possuam crescer junto com vocês em suas jornadas!
1 comentário
Muito bom trabalho parabéns