Vamos continuar a dissecar o Liber O Vel Manus et Sargitae. Vimos anteriormente a Assumção de Forma Deus e sua importância para o magista, o assunto ainda não foi completamente explorado, porém temos de ir adiante.
Lembrando o que Crowley disse:
Existem três importantes práticas conectadas a todas as formas de cerimônia ( mais dois métodos que discutiremos posteriormente ):
a- Assunção de Formas-Deus.
b – Vibração dos Nomes Divinos
c – Rituais de Banimento e Invocação.
Essa vibração dos nomes divinos faz parte da teatralidade da magia, fazendo parte de rituais, meditações, invocações, evocações, etc. Com a vibração busca-se atingir um estado de gnose, bem como fazer todos os corpos (físico, astral, mental e vontades) vibrarem em consonância com a energia do nome e também todo o ambiente em volta do magista. É uma técnica que permite ao mago impor-se perante o seu ambiente e sobre si mesmo. Na própria Assumção da Forma-Deus o mago pode virbrar o nome da divindade para que possa atingir um melhor resultado.
Vamos ver o que o próprio Crowley nos diz no capítulo III Libri citado:
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As Imagens Mágicas dos Deuses do Egito deverão ser bem familiarizadas. Isso pode ser feito estudando-as em museus ou em livros. Deverão ser desenhadas pelo estudante até memoriza-las.
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O estudante então, sentado na posição do “Deus” ou na atitude característica da deidade, deverá imaginar sua própria imagem, coincidindo com a do Deus, ou sendo envolvida por ela. Isso deve ser praticado até alcançar a maestria visual da imagem, e uma identificação com ela e com a do Deus experimentado. Infelizmente não existem testes para verificar se o estudante obteve sucesso nessa prática.
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A Vibração dos Nomes Divinos. Como uma maneira de identificar a consciência humana com essa porção pura, que o homem invoca a partir do nome de algum Deus, ele deve agir da seguinte maneira:
4.
a – Com os braços abertos;
b – Inspire profundamente pelas narinas, imaginando o nome do Deus entrando em você junto com o ar.
c- Deixe o nome descer lentamente, passando pelos pulmões até o coração, o plexo solar, o umbigo, os órgão reprodutores até os pés.
d- No momento que o nome parecer tocar os pés, avance a perna esquerda um pouco adiante, inclinando um pouco o corpo, com as mãos ( passando por trás dos olhos) esticadas para frente, ficando na posição do Deus Hórus, ao mesmo tempo imaginando o nome, passando rapidamente pelo nariz juntamente com ar que estava preso no pulmão. Tudo isso deve ser feito com a maior força possível.
e- Então recue a perna esquerda e coloque e acomode o dedo indicador direito sobre os lábios, ficando na posição característica do Deus Harpócrates ( o polegar e os dedos estando fechados. O polegar representa o espírito, e o indicador a água ).
- Um sinal de que estudante obteve sucesso, será o de sentir-se exausto ao emitir uma única ” Vibração”.
- Sinal de sucesso, ocorrerá quando o estudante perceber que está ouvindo o nome do Deus rugindo em volta, como por virtude de dez milhões de trovões, parecendo como se essa Grande Voz viesse do Universo, e não de si mesmo.
Em ambas as práticas acima, toda consciência de qualquer coisa além da Forma -Deus e do nome, devem ser obliterados e , se não retornar, de acordo com nossas percepções normais, melhor.
Agora vamos rever o que está em negrito:
Sinal de sucesso, ocorrerá quando o estudante perceber que está ouvindo o nome do Deus rugindo em volta, como por virtude de dez milhões de trovões, parecendo como se essa Grande Voz viesse do Universo, e não de si mesmo.
COMO ASSIM?
Crowley costuma a ser poético demais em seus escritos. A técnica é relativamente simples, você não vai “falar” o nome divino, você vai vibra-la de maneira a infestar todo o seu ser e todo o ambiente. Ela deve sair de seu ser como um “super-poder”. Certamente NUNCA teremos a sensação descrita acima.
Vamos ver o que Dion Fortune nos diz em seu excelente A Cabala Mística.
Como já observamos anteriormente, a utilização da técnica mental cabalística é necessária se desejamos obter resultados da Cabala; a formulação da imagem e a vibração do Nome têm por objetivo estabelecer um contato entre o estudante a as forças que correspondem às Esferas da
Árvore. Ao entrar em contato com esse meio, a consciência do estudante se ilumina e a sua natureza obtém a energia fornecida pela força contatada, resultando desse processo as notáveis iluminações originadas da contemplação dos símbolos.
Mais adiante no mesmo livro temos:
Segundo a tradição, não basta conhecer um Nome de Poder; é preciso também saber
como vibrá-lo. Acredita-se geralmente que a vibração de um Nome de Poder é a nota justa pela qual o cantamos; mas a vibração mágica é algo muito mais que isso. Quando experimentamos uma profunda emoção e, ao mesmo tempo, somos devocionalmente exaltados, a voz desce muitos tons abaixo de seu normal a toma-se ressoante a vibrante; é esse tremor de emoção, combinado com a ressonãncia e a devoção, que constitui a vibração de um Nome, a essa experiência não pode ser aprendida ou ensinada, devendo antes ser espontanea. É como o vento que sopra onde lhe apraz. Quando ele ocorre, somos sacudidos dos pés à cabeça com uma onda de calor, a todos os que o ouvem prestam-lhe atenção involuntariamente. É uma experiência extraordinária ouvir uma Palavra dePoder vibrada. É uma experiência ainda mais extraordinária vibrá-la.
Agora parece que tamos algo mais sóbrio para trabalharmos.
Nos autores acima vemos a importância da vibração dos nomes divinos, eles são ferramentas para acessarmos os planos superiores da consciência e nos por em contato com as forças e energias que desejamos. A maneira correta de se fazer isso é que encontramos a dificuldade. Alguns magistas tornam-se verdadeiros especialista na pronúncia dos nomes em hebraico, grego ou outra lingua a ser utilizada, mas isso não quer dizer que ele saiba vibra-la. A vibração causa um sentimento, estamos lançando uma onda, é como “disparar uma arma”.
O ato de vibrar um nome deve estar em consonância com o nome o com o que se deseja. Não é muito inteligente vibrar o nome de uma divindade guerreira ou ígnea de maneira delicada, o mago deve ter o bom senso. Novamente digo que o ato de vibrar gera uma emoção, espalha uma intenção, impeguina o mago e o ambiente e manifesta a intenção nos planos mais sutis.
Não se pode ensinar a técnica, como tudo em magia, a prática e o tempo são necessários. O mago irá realizar costumeiramente suas orações, vibrações e banimentos, assim com o tempo ele irá atingir a sua perfeição. A prática do diário mágico é muito importante, os sucessos e experiências são devidamente anotados até que um dia atinja-se a “fórmula ideal”.
Não se preocupe muito com a forma, preocupe-se com a força, você não é nascido na lingua falada, e muitas das linguas já estão mortas. Concentre-se nas sensações, no poder e efeito da vibração em si.
O que entra pela boca não torna o homem ‘impuro’; mas o que sai de sua boca, isto o torna ‘impuro’.
Meus respeitos
Akin
Imagem de Legião dos Herois
3 Comentários
Esse título parece estar numa língua semelhante ao Latim, mas só entendo “livro” .Alguém pode dizer em que língua está, e o que esse título significa?
Obrigado.
Qual título amigo?
Admin,
O título ” Liber O Vel Manus et Sargitae”, citado no texto, parece estar em Latim, mas só entendo “Liber”.
Você pode me dizer que língua é essa, e o que o título significa?
Obrigado.
José Elias