Na mesma linha de Noragami, um livro sobre conflitos entre deuses – porém, dessa vez com o estilo sombrio e maduro de Neil Gaiman. O autor britânico nos apresenta um universo de divindades que precisam lutar por sua sobrevivência, pois correm o risco de serem sufocadas por novas recém-criadas e assim serem esquecidas pela humanidade.
Imagem destacada: Erik Evensen
“(…) é desnecessário dizer que todas as pessoas desta história, estejam elas vivas, mortas ou em outras condições, são fictícias ou usadas em um contexto fictício. Só os deuses são reais.“
Deuses Americanos fala sobre Shadow, um homem que logo sairá da prisão e só pensa em voltar para sua esposa e começar seu novo emprego. Porém assim que consegue sua liberdade diversas reviravoltas fazem suas expectativas desmoronarem, e sua única esperança está em aceitar servir como segurança para o estranho “Mr.Wednesday”. Então, Shadow se vê em meio a um grande jogo de xadrez cósmico, onde os “Deuses Antigos” – divindades de diversos panteões – precisam articular um plano para evitar serem completamente esquecidos após golpes dos “Novos Deuses” venerados pela humanidade – personificações da mídia, da tecnologia e outros aspectos que passaram a reger nossas vidas.
Apenas a sinopse já deixa claro o quanto os conceitos tecidos pela história lembram as egrégoras e a forma que podem dominar a vida das pessoas. Em meio as discussões dos deuses, é citado que houve nos EUA um “deus das ferrovias” entre os Novos Deuses – porém acabou morrendo ao ser deixado de lado pela própria humanidade. Até mesmo teorias de conspirações e a “mão invisível do mercado” ganharam uma face diante desse “panteão contemporâneo”.
A forma com que estes panteões “viajam” e foram estabelecidos no Novo Mundo é contado através de pequenos contos que fazem interlúdios entre os capítulos, indo desde eras pré-históricas até colonizações na América do Norte. Alguns deles também nos mostram pontos distantes de onde a trama principal se encontra, porém refletem como ela está repercutindo em todas as manifestações dos Deuses Antigos. Os Novos Deuses também são muito bem caracterizados – embora eles tem certeza que tudo aquilo que os Antigos representam será sobrepujado por eles, estão o tempo inteiro com medo de serem esquecidos e substituídos pela humanidade.
É impossível não refletir sobre o conceito de “divindade” e a influência de egrégoras ao ler Deuses Americanos. É um livro aclamado, e existem projetos para transforma-lo em uma série com supervisão do próprio autor. E podem ter certeza, que definitivamente não será a única recomendação envolvendo Neil Gaiman que verão aqui.
-Ravn