Vamos falar sobre Assentamentos

Fala-se muito sobre os assentamentos de guias espirituais. No Brasil o termo é bastante difundido através das religiões de matriz africana como o Candomblé e a Umbanda.

A definição mais comum para o assentamento é a de um conjunto de objetos que carregam simbolicamente elementos arquetípicos que correspondem à alguma entidade, deidade ou egrégora. Sabemos que um altar mágicko, ou mesmo uma pequena estátua, também responderia a esta definição, mas estes costumam ser reconhecidos como “firmeza” pois não carregam todos os signos correspondentes àquela energia que se deseja assentar. Coloca-se desta forma uma diferença sutil entre os termos firmeza e assentamento, mas a grosso modo a sua finalidade é a mesma.

“Assentamento é o local onde são colocados alguns elementos com poderes magísticos, com a finalidade de criar um ponto de proteção, defesa, descarrego e irradiação. Pode ser destinado a uma só força ou poder, ou a várias.” (SARACENI, Rubens. 2014 )

As pessoas falam que os assentamentos pertencem àquelas forças que estão aglomeradas naquele local, ou àquela consciência que se deseja dedicar este ponto de energia, servindo de ponte entre o magista e a energia que ali se firmou. Muito se diz “este é o assentamento de meu orixá de cabeça” ou também “esta é a firmeza de meu Caboclo”. Vamos buscar transcender e aprofundar essa definição, pois ela ainda é superficial.

Através da semiologia, podemos entender que os deuses são arquétipos da mente humana. Em determinada época e local, se antropomorfizaram a fim de servirem de objeto de comunicação entre iniciados. Através da arte, os signos ali contidos se transformaram em um ser, carregado de símbolos próprios que o diferenciam dos demais. Detinham o poder de ativar forças no subconsciente daquele que tinha condições de absorver aqueles valores ali retratados. Assim, uma pintura de Ogum, Ares, Marte carrega significados que todos nós temos conosco, virilidade, seriedade, disciplina, coragem, astúcia.

Da mesma forma que a arte retrata os deuses como um conjunto de símbolos com alguma correspondência aliada à consciência humana, os assentamentos magísticos também cumprem essa função. Além da definição usual, os objetos ali postos possuem um correspondente com a mente do magista, pois, por afinidade, aquela consciência ali retratada se aproximou dele.

Quando um iniciado assenta uma entidade, ele não está apenas construindo uma ponte para aquela energia externa se manifestar no plano físico, ele está simbolicamente materializando a sua própria constituição espiritual.

Mas e qual a finalidade disso? Quanto mais claros e mais próximos estes arquétipos estiverem de nós, mais fácil será de trabalhar e desenvolvê-los. Um guia de Umbanda, não possui determinada linha e regência à toa, ele carrega algum arquétipo que faz parte da tua constituição enérgica e  este guia se aproximou de você afim de materializá-la e desenvolvê-la. Quando ele faz um atendimento a um consulente, ele está pondo este arquétipo em movimento através dos teus corpos sutis. Já um iniciado no Candomblé, despertou em si a sua ancestralidade. O orixá ali manifestado no xiré não é aquele mesmo que está em outro Ilé, ele é teu e apenas teu. Pois ele faz parte da sua constituição energética, e assentá-lo nada mais é do que trazer este arquétipo de si para o mundo físico afim de trabalhá-lo e desenvolvê-lo.

Porém, baseado nestas definições e exemplos podemos nos questionar: todo aquela arquétipo que é trazido ao mundo físico, pode constituir de uma espécie de assentamento? Eu respondo que sim.

Um altar básico wiccan, contendo as quatro armas magísticas: o cálice, a castiçal, o athame e uma moeda e o pentagrama, nada mais está fazendo do que representando a materialização do espírito (castiçal, elemento fogo), do emocional (cálice, elemento água), do mental (athame, elemento ar), do domínio físico (a moeda, elemento terra). Todos eles são partes do magista, estão ali dispostos com o pentagrama com um símbolo maior, o humano em sua forma sublime, acima dos 4 elementos. O iniciado que manuseá-las nada mais estará fazendo do que desenvolvendo os seus arquétipos. Isto também serve para o mago do kaos, que materializa na forma de sigilos os fragmentos de seus inconsciente, com a mesma finalidade.

A diferença entre assentar os arquétipos da nossa psique está apenas no método e no conjunto de ferramentas que possuímos para tal. Todos eles, independente de egrégora, entidades, deuses ou corrente mágicka, possuem a mesma finalidade.

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